USP: Uso da própolis mostra-se eficiente contra infecções hospitalares

É utilizada como cicatrizante e anti-inflamatória pela medicina popular

qua, 28/05/2003 - 20h12 | Do Portal do Governo

Pesquisa desenvolvida no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP comprova que a própolis mostrou-se eficiente no combate à ORSA (sigla em inglês para Staphylococcus aureus resistente ao antibiótico oxacilina), uma das mais comuns causadoras de infecção hospitalar. De acordo com o mestrado Composição química e atividade antibacteriana de Apis mellifera e Tetragonisca angustula contra Staphylococcus aureus, da biomédica Patrícia Laguna Miorin, até 1998, a ORSA era responsável por 45% dos óbitos causados pela Staphylococcus aureus registrados em Unidades de Terapias Intensivas (UTIs).

Utilizada como cicatrizante e anti-inflamatória pela medicina popular desde os tempos da Grécia Antiga, a resina própolis passa agora a adquirir seu caráter científico. Mais recentemente, em 1999, a resina mostrou-se ativa no combate ao Bacilo de Koch, bactéria causadora da tuberculose e, em 2001, contra o protozoário Trypanossoma cruzi, responsável pela Doença de Chagas.

Patrícia busca agora patentear o seu novo uso. Segundo a pesquisadora, a própolis em conjunto com o antibiótico oxacilina seria mais eficaz que o próprio medicamento sozinho. ‘O microrganismo possui elevada resistência aos antibióticos dificultando seu fim em infecções hospitalares. O uso da própolis mostrou-se muito ativo contra essa bactéria tornando possível novas opções terapêuticas’, observa.

Compostos bioativos

Para o estudo, foram coletadas várias amostras de mel e própolis de diferentes localidades do País e, posteriormente, sujeitas à análise de sua composição química por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE).

A própolis é um produto de origem vegetal, em que a abelha coleta resinas de tronco de árvores como abacateiro, eucalipto e pinheiro. ‘Trabalhamos com a própolis coletada em Minas Gerais e tipificada como BRP1 por apresentar maior quantidade de compostos bioativos, que seriam os responsáveis pela sua melhor eficácia contra a ORSA’, lembra a biomédica. A BRP1 provém de colméias de espécies Apis mellifera – abelha africanizada – e Tetragonisca angustula – nativa, popularmente conhecida como ‘Jataí’.

O próximo passo para o estudo será separar cada composto bioativo e descobrir como eles interagem com o antibiótico oxacilina, comprovando sua eficácia no combate à bactéria. ‘Já quantificamos estes compostos. Falta agora estudá-los separadamente para, mais adiante, submetê-los a testes animais e, posteriormente, em humanos’.

De acordo com Patrícia, a média do tempo entre pesquisas in vitro e sua aplicação é de dez anos. ‘Este período pode ser menor no caso do combate a infecções hospitalares já que a própolis movimenta grande interesse financeiro’, complementa.