USP: Universidade testa modelo de tênis mais pirateado do País

Teste aponta os problemas de saúde que eles causam

ter, 17/08/2004 - 16h56 | Do Portal do Governo

Além de bolhas nos pés, quem usa tênis pirata tem mais chance de contrair doenças ósseas, articulares e posturais, revela o Laboratório de Biomecânica da Universidade de São Paulo.

O tênis Stabil, criado pela adidas para a prática de esportes indoor, como handebol e squash, é hoje o modelo mais copiado pela indústria da pirataria. Em qualquer parte do País é possível encontrar versões falsas do produto, a preços a partir de R$ 80,00, enquanto o modelo original sai em torno de R$ 330,00. ‘O que muita gente não sabe, porém, é que ao usar o calçado pirata, sem o cuidado tecnológico devido, estará correndo um grande risco’, revela Júlio Serrão, Chefe do Laboratório de Biomecânica da USP-Universidade de São Paulo, que durante um ano fez testes específicos com o produto e suas variações.

Percebe-se diferenças absurdas entre o Stabil original e o falso, chegando-se à conclusão que a cópia pode colocar a integridade física do usuário em risco. Foi constatado, por exemplo, que o impacto sofrido pelo pé é 15% maior em cada pisada na versão falsa. Em relação à distribuição do peso, a área de contato no modelo pirata é bastante reduzida, apresentando áreas de alta pressão.

Ao contrário do modelo legítimo, o calçado falsificado possui um cabedal inadequado que, além de não permitir a ventilação, tem costuras internas que podem causar bolhas ou machucados. Quem usa um tênis de origem duvidosa, segundo as conclusões dos pesquisadores da USP, também pode sofrer problemas ósseos, articulares e até posturais.

Adidas faz parceria inédita com a USP

Visando assegurar a qualidade e a funcionalidade dos tênis usados por praticantes de atividades esportivas, a adidas acaba de firmar uma parceria inédita no Brasil com o Laboratório de Biomecânica da USP. Neste acordo de cooperação técnico-científica, o laboratório realizará testes com calçados e dará seu parecer ao consumidor, por meio de dados obtidos durante as pesquisas. Também fará estudos comparativos entre os calçados da marca e os modelos piratas.

Segundo Marcelo Ferreira, presidente da adidas, os produtos da empresa têm sido alvo de constantes falsificações em todo o País. Por ano, a empresa perde 15% dos negócios para mercadorias falsas ou outras que constituem imitação dos produtos adidas. ‘O laboratório vai produzir conhecimento mcientífico e divulgá-lo constantemente à opinião pública. Assim, o consumidor terá a segurança de estar adquirindo um tênis com a qualidade e funcionalidade comprovadas por pesquisas científicas’, assinala.