USP: Universidade está mais perto do Vale do Paraíba

Faenquil foi fundada pela Prefeitura de Lorena em 1969

sáb, 15/03/2003 - 11h23 | Do Portal do Governo

A Universidade de São Paulo poderá ter em breve um novo campus – desta vez no Vale do Paraíba. Encontra-se em fase de ‘detalhamento’ o projeto de transferência, para a Universidade, da Faculdade de Engenharia Química de Lorena (Faenquil), a 180 quilômetros da Capital. Ainda não há uma data prevista para a conclusão do projeto, mas o reitor da USP, Adolpho José Melfi espera que seja ‘o mais rápido possível’. ‘Se a transferência vier a se concretizar, a interação com a USP deverá propiciar uma grande expansão naquela unidade de ensino.’

Fundada pela Prefeitura de Lorena em 1969 com o nome de Faculdade Municipal de Engenharia Química – hoje ligada à Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado -, a Faenquil é um centro de excelência em algumas áreas do ramo da química. Com 91 professores, dos quais a maioria detém pelo menos o título de doutor e 90% trabalham em regime de dedicação total ao ensino e à pesquisa, a Faculdade realiza relevantes pesquisas sobre materiais e fermentação, por exemplo. De seus laboratórios saiu a tecnologia brasileira de beneficiamento do nióbio, um metal nobre. No passado, o Brasil exportava o metal na forma bruta. Graças ao trabalho da Faenquil, o País agregou valor ao produto, que hoje é exportado na forma de óxido de nióbio, muito usado em ligas leves e tintas.

Os pesquisadores da Faenquil foram bem-sucedidos também nas pesquisas sobre o titânio, outro metal com avançadas aplicações, entre elas na construção de aviões. Na área da fermentação, a unidade de Lorena ostenta a façanha de ter sido o centro de pesquisa onde se originou, na década de 80, o Pró-Álcool, o programa do governo federal que incentivou o uso do álcool como combustível para veículos automotores. ‘Em certas áreas, as pesquisas feitas pela Faenquil são muito avançadas e bastante promissoras’, confirma Melfi.

Outras importantes investigações são feitas nos quatro departamentos da faculdade – o Departamento Básico, o de Biotecnologia, o de Engenharia de Materiais e o de Engenharia Química. Os quatro cursos de graduação mantidos pela unidade, Engenharia Química, Engenharia Industrial Química, Engenharia de Materiais e Engenharia Bioquímica, oferecem 240 vagas. Já com programas de pós-graduação implantados, até 2002 ela produziu 67 dissertações de mestrado e 17 teses de doutorado.

A Faenquil está instalada em dois campi. Num deles, com 117 mil metros quadrados, está sediado o Departamento de Engenharia Química. O segundo campus possui 373 mil metros quadrados e reúne os outros três departamentos. Neles estudam hoje 1.383 alunos e trabalham 175 funcionários. O orçamento de 2002 da unidade foi de R$ 16,8 milhões.

Colégio técnico

Não foi apenas a excelência acadêmica que chamou a atenção da USP para a Faenquil. Acontece que a faculdade mantém em seu campus uma escola técnica de segundo grau, que forma técnicos em química. Mais do que preparar profissionais qualificados para o mercado de trabalho, o colégio é uma porta de entrada de estudantes do ensino público para universidades também públicas, como a USP.

Em razão da alta qualidade do ensino, ministrado pelos próprios professores da Faenquil, os alunos saem dali preparados para prestar o vestibular da Fuvest em igualdade de condições com candidatos oriundos das escolas particulares. ‘Ter uma atuação efetiva em favor do ensino secundário público de qualidade é um dos nossos grandes sonhos’, comemora Melfi. ‘Se a transferência vier a se concretizar, a escola técnica da Faenquil nos ajudará a realizar isso.’

Os sonhos da USP com a Faenquil não são de agora. No final de 2001, a Secretaria de Ciência e Tecnologia propôs transferir as três faculdades a ela ligadas a Faenquil e as Faculdades de Medicina de São José do Rio Preto e de Marília para a USP, a Unesp e a Unicamp. Para isso formou comissões a fim de avaliar a situação das faculdades e sua possível incorporação às universidades. O representante da USP foi o professor Antonio Marcos de Aguirra Massola, da Escola Politécnica.

Massola logo demonstrou o interesse da USP pela unidade de Lorena. Depois de algumas visitas à faculdade, ele e a comissão encarregada do assunto entregaram à Secretaria um relatório bastante favorável à unidade, com elogios à sua estrutura acadêmica e científica. Em 22 de maio de 2002, o reitor da USP baixou uma portaria nomeando nova comissão para estudar mais profundamente a possível transferência da Faenquil. Presidida por Massola, a equipe, composta ainda pelo diretor do Instituto de Química, Hernán Chaimovich, e pelo diretor do Instituto de Química de São Carlos, Douglas Franco, elaborou um relatório, apresentado em agosto passado ao Conselho Universitário. ‘Agora estamos na fase de detalhamento do projeto de transferência da Faenquil para a USP, que envolve entendimentos com setores do Executivo, do Legislativo, da Faenquil e da USP’, explica Massola. ‘Esperamos que tudo dê certo.’

Roberto C. G. Castro, do Jornal da USP