USP: Universidade abrigará núcleo inédito na América Latina

Previsão para início das obras é para o primeiro semestre deste ano

qua, 28/01/2004 - 17h43 | Do Portal do Governo

A Universidade de São Paulo (USP) abrigará o Núcleo de Terapia Celular e Molecular (NUCEL), primeiro da América Latina, em seu campus da capital paulista. A previsão para início das obras é para o primeiro semestre deste ano. Inicialmente, o núcleo reunirá diversos cientistas envolvidos em pesquisas sobre diabetes I e II. A idéia é reunir grupos multidisciplinares de pesquisadores.

Para o projeto já foram liberados cerca de dois milhões e trezentos mil reais, “o que possibilitará a construção do prédio e os primeiros trabalhos”, conta a professora Mari Cleide Sogayar, do Instituto de Química (IQ) da USP. Os recursos vieram da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), agência de fomento à pesquisa ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia.

Ilhotas pancreáticas

A professora Mari Cleide integra uma equipe de 20 cientistas. Em dezembro de 2002, realizaram o primeiro transplante de ilhotas pancreáticas do país, em parceira com o Hospital Albert Einstein. A técnica consiste em introduzir, no fígado do paciente, ilhotas retiradas do pâncreas de um doador de órgãos. As ilhotas são conjuntos de células envolvidas numa espécie de bolsa. Produzem, entre outros, a insulina. Elas chegam a compor de 1 a 2 por cento do órgão humano.

Os esforços nas pesquisas se concentram no tratamento do diabético hiperlábil (grave). “Estes pacientes apresentam hipoglicemia (baixa taxa de açúcar no sangue) inadvertida, ou seja, que passa desapercebida pelo paciente, levando a convulsões, coma ou até a óbito”, explica Mari Cleide.

De acordo com Anna Carla Goldberg, professora da USP e integrante da equipe de estudiosos, há no Brasil cerca de cinco mil diabéticos do tipo hiperlábil. “Apenas uma infusão [injeção] de ilhotas é suficiente para prolongar e melhorar a vida de um paciente em estado grave.” O implante das ilhotas dura em torno de 30 a 40 minutos e exige apenas uma anestesia leve.

Custos

A área para a construção do núcleo já foi escolhida. Será ao lado do Hospital Universitário no campus da capital paulista. Dos dois milhões e trezentos mil reais, um milhão e trinta mil é para a construção do prédio. E o restante, está destinado à compra de equipamentos e material de consumo para o procedimento de isolamento das ilhotas e para a pesquisa.

Segundo Mari Cleide, é necessário ainda um milhão e meio de reais para finalizar o projeto. “Estaremos empenhados em buscar esses recursos daqueles que queiram formar parcerias.” Ela explica que para processar [retirar] as ilhotas de apenas um pâncreas são necessários três mil e quinhentos dólares. “Somente em materiais.” Anualmente, a equipe processa de 15 a 20 pâncreas, em parte utilizados para pesquisa.

A pesquisadora conta outra dificuldade vivida pela equipe: receber o órgão. “Além da espera normal do parecer de dois médicos independentes para decretarem a morte cerebral do doador; esperamos, ainda, a recusa das diversas equipes que realizam o transplante de pâncreas, para então recebermos o órgão.”

Mais informações somente pelo e-mail mcsoga@iq.usp.br

Marcelo Gutierres – Agência USP