USP: TPN da Poli coordena projeto para nova plataforma de petróleo

Plataforma do tipo monocoluna proporcionará maior segurança e flexibilidade na extração de petróleo

qui, 04/12/2003 - 21h18 | Do Portal do Governo

O Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica da USP está na coordenação de um projeto pioneiro da indústria naval brasileira. Trata-se da MonoBR, uma plataforma do tipo monocoluna que proporcionará maior segurança e flexibilidade na extração de petróleo. Em janeiro de 2004, será entregue à Petrobrás toda a concepção da estrutura que poderá ser construída com tecnologia totalmente nacional.

As plataformas como a MonoBR utilizam apenas um casco e uma coluna. Projetada para um deslocamento de mais de 120 mil toneladas, a estrutura terá uma largura de aproximadamente 70 metros e calado de 45 metros, suficientes para suportar uma planta de processo de mais de 35 mil toneladas. A MonoBR estará entre as maiores já projetadas no mundo e terá capacidade de produção de 200 mil barris de petróleo diários.

O projeto e todas as simulações estão sendo realizados no Tanque de Provas Numérico (TPN) o que possibilita analisar a estrutura nas mais diversas situações ambientais possíveis. ‘Com o TPN, podemos simular situações bem próximas da realidade onde a monocoluna será instalada, com variações de correntes marítimas, ventos, etc.’, explica o professor Kazuo Nishimoto, do Departamento de Engenharia Naval e coordenador do projeto.

As simulações realizadas no TPN permitirão que a MonoBR tenha um excelente comportamento em ondas. ‘O casco foi desenvolvido com base em estudos hidrodinâmicos e sua forma possibilita que a força das ondas seja minimizada’, descreve Nishimoto. O projeto, iniciado em 2002, é resultado da união de pesquisadores que formaram o Centro de Excelência em Engenharia Naval e Oceânica (Ceeno), que tem como principal objetivo expandir a indústria naval brasileira com base na inovação tecnológica.

Neste projeto, que tem a coordenação do Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Poli, participam a Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe), o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) e a Petrobras.

Importante aliado

A MonoBR tem como a base de seu projeto o TPN da Poli Naval. Inaugurado em 2002, o laboratório virtual realiza simulações numéricas de estruturas flutuantes de produção de petróleo e gás. Dotado de softwares e recursos de visualização em 3D-estéreo, o TPN possui uma sala de projeção onde uma estrutura pode ser visualizada em todos os seus detalhes, inclusive com as movimentações hidrodinâmicas locais. ‘Como prevíamos na inauguração do sistema, o TPN é hoje um importante aliado dos Tanques de Provas Físicos, que validam nossos modelos desenvolvidos em simulações virtuais’, explica Nishimoto.

De acordo com o professor, para o próximo ano deverão ser feitas atualizações de ‘clusters’ (conjunto de computadores) que alimentam o sistema. ‘Para tanto, esperamos contar com financiamento da Finep e CNPq’, diz Nishimoto. Ele conta ainda que, para 2004, já está sendo desenvolvido um novo sistema de visualização no TPN, mais moderno e interativo. ‘Além de observar todas as simulações, o operador poderá interagir mais, interferindo em manobras, por exemplo’, conta. ‘Na verdade, teremos algo como um videogame de última geração’.

Para as atualizações técnicas do TPN, Nishimoto está contando que sejam feitos investimentos de pelo menos de R$ 1 milhão em equipamentos. ‘Já temos um investimento da Petrobrás para implementação de um sistema DP (posicionamento dinâmico) interativo na ordem de R$ 700 mil’, conta.

Desde sua inauguração, no laboratório do TPN tem sido realizados diversos testes de projetos e instalações de plataformas de petróleo. Ao todo, de acordo com Nishimoto, foram cerca de 40 simulações e ensaios. Dentre outros, o professor destaca a simulação de docagem do porta-aviões São Paulo, da Marinha do Brasil. A simulação foi concluída no TPN em janeiro deste ano e a embarcação foi docada em agosto último. ‘Atendemos a um pedido especial da Marinha e fizemos toda a simulação no TPN’, conta Nishimoto. A simulação forneceu elementos precisos para que a docagem fosse feita sem qualquer tipo de problema ou avaria.

Antonio Carlos Quinto – Agência USP