USP: Técnica usa tomografia para avaliar danos à retina causados pela luz solar

Método é inédito no Brasil

seg, 31/01/2005 - 20h27 | Do Portal do Governo

Pela primeira vez no Brasil, um aparelho de tomografia de coerência óptica de terceira geração (OCT3) foi usado para avaliar e detectar lesões na retina causadas pela exposição intensa à luz solar. A pesquisa foi realizada pelo oftalmologista Rodrigo Jorge, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), em colaboração com o médico Rogério Alves Costa, do Hospital de Olhos de Araraquara. Os resultados do estudo foram publicados no final do ano passado na revista American Journal of Ophtalmology.

Os dois médicos iniciaram as análises com o OCT 3 em 2003, no Hospital de Olhos de Araraquara, para entender melhor as lesões da retina secundária causadas pela exposição solar. ‘Esta foi a primeira vez que a tomografia óptica de terceira geração foi usada no Brasil’, explica Rodrigo Jorge. Graças aos exames, o artigo traz relatos inéditos de pacientes brasileiros que apresentaram alteração no fundo de olho sugestiva de lesão pela luz do Sol.

Rogério Costa, explica que a tomografia do tipo OCT3 é um exame não invasivo, sem injeção de contraste, similar a ultra-sonografia. ‘Entretanto, o OCT3 usa um laser e não o som como fonte, gerando assim imagens de altíssima resolução da retina’, explica o médico. ‘Não se sabe até que ponto o dano retiniano secundário à exposição solar é reversível e sua correlação com a perda da visão central, mas dependendo do grau de comprometimento da retina externa, a perda da visão é irreparável.’

Exposição

As alterações na morfologia da retina podem ser detectadas após pequenos períodos de observação solar direta, relata Rogério Costa. ‘Olhar diretamente para o sol durante 60 segundos já causa alterações, geralmente transitórias e que não causam danos permanentes’, relata. ‘Um período de observação solar mais prolongado ou repetido pode gerar danos irreparáveis à estrutura retiniana, como aconteceu com um dos pacientes que participaram do estudo.’

Rodrigo Jorge ressalta que a população deve ter consciência dos perigos de lesão na retina causados pela luz solar, e recomenda o uso de óculos bem fechados, com filtro ultravioleta. ‘Se as lentes são escuras no centro e abertas do lado, a pupila fica dilatada, e expõe mais a retina à luz que entra pelas laterais, podendo machucar o fundo do olho’, relata.

O professor da FMRP relata que a suscetibilidade à luz solar é maior para aqueles que têm hipermetropia, mas os riscos dos raios ultravioleta devem ser evitados por todos. ‘A luz do meio-dia é a mais intensa e perigosa, mas como ela incide perpendicularmente ao olhar, ela não incide diretamente sobre a retina’, diz. ‘A luz do sol poente, embora mais fraca, tem um alcance mais perigoso, ‘porque incide paralelamente ao solo e pode vir diretamente para a retina.’

Da Redação, Agência USP