USP: Software mostra como será a interatividade com a TV digital

Além de personalizar programações, usuário poderá interferir em eventos ao vivo

sex, 20/08/2004 - 20h47 | Do Portal do Governo

A TV digital abrirá espaços a uma série de possibilidades tecnológicas, principalmente com relação à interatividade entre usuário e serviços. Com vistas a esta tecnologia, o professor Rudnei Goularte, do Instituto de Ciências Matemáticas e da Computação (ICMC) da USP de São Carlos, desenvolveu um protótipo que fornece ao consumidor possibilidades em serviços interativos. ‘Independente do padrão a ser adotado, será primordial que o usuário tenha totais condições de interagir’, afirma o professor.

Em sua tese de doutorado Personalização e adaptação de conteúdo baseados em contexto para TV Interativa, apresentada em novembro de 2003, no ICMC, Goularte desenvolveu um software capaz de simular inúmeras possibilidades de interação. ‘Certamente as pessoas terão condições de utilizar a TV digital como um meio de acesso à internet. Muitos serviços disponíveis na rede mundial poderão ser executados via tv, como consultas a saldos bancários, transações, compras, etc’, exemplifica.

Utilizando dois computadores do Laboratório Intermídia do ICMC, o professor criou um serviço baseado nos padrões MPEG 4 e MPEG-7, que possui características como fornecer conteúdo televisivo de acordo com o interesse do usuário, e interatividade com alto poder de compressão sem perda da qualidade. ‘Num dos equipamentos, usado como servidor, inserimos gravações digitalizadas de diversos telejornais da TV aberta’, lembra Goularte. Ao todo, foram cadastrados quatro usuários que teriam acesso a programações personalizadas.

Versatilidade

O programa desenvolvido no ICMC permite que os usuários escolham, por exemplo, que tipo de noticia querem assistir. ‘Se o usuário gosta de esporte, poderá compor seu telejornal pessoal somente com noticias referentes ao tema. Todos foram cadastrados e forneceram informações prévias sobre suas preferências’, explica. ‘Caso a solicitação do usuário não esteja pronta no servidor, o software poderá montá-la rapidamente’, garante. Este, segundo Goularte, é apenas um entre a infinidade de serviços que poderão ser utilizados com a tecnologia de TV digital.

Os estudos do professor Goulart permitem visualizar a versatilidade da interação entre o usuário e a TV digital. Ele estima que, em aproximadamente dez anos, teremos essa tecnologia no mercado consumidor em larga escala. ‘Com a transmissão de dados digitais, o usuário terá condições de interferir na programação, mesmo que esta seja ao vivo. Haverá recursos de pausa e avanço e de retorno ao programa’, diz.

Alguns serviços semelhantes já são disponibilizados pelas TVs pagas, como o sistema paper-view. ‘Com a transmissão de dados digitais, o consumidor poderá fazer uma busca em todas as programações de todas as emissoras e personalizar seus programas, com downloads em horários pré-estabelecidos’, afirma o pesquisador.

Goularte antecipa que o desenvolvimento de softwares para TV interativa serão melhores adaptados em TVs a cabo. ‘No sistema de radiodifusão, como é a TV aberta hoje no Brasil, não existem canais de retorno’, explica o professor. Ele acredita que, em três anos, o governo já tenha definido e implantado um sistema de TV digital. Existem três padrões: o japonês, o norte-americano e o europeu. ‘O Brasil tem plenas condições de desenvolver seu próprio padrão e o governo brasileiro esta atualmente investindo nisso’, afirma.

Antonio Carlos Quinto – Agência USP