USP: Seminário de Cultura e Extensão Universitária aprofunda debate sobre Ensino a Distância

Evento foi realizado nesta quarta-feira, dia 20

qui, 21/10/2004 - 18h13 | Do Portal do Governo

O Ensino a Distância (EAD) foi o tema da mesa-redonda desta quarta-feira, dia 20, no quinto Seminário de Cultura e Extensão Universitária, que está sendo realizado na USP. Os participantes discutiram, entre outras questões, as formas de gerenciamento e investimento em EAD, a democratização do conhecimento e os entraves para esse tipo de ensino, com maior atenção para os conflitos entre os setores público e privado.

Crescentes no Brasil, as iniciativas em EAD são tidas como uma saída para a democratização do conhecimento. Mas os problemas não se resumem à necessidade de altos investimentos em recursos tecnológicos para a transmissão de conteúdos. “Pensar em EAD requer pensar na educação de forma geral. Esse tipo de ensino é uma forma de apoio ao ensino presencial”, ponderou Heloisa Vieira da Rocha, Coordenadora do Núcleo de Informática Aplicada à Educação da Unicamp.

Dessa questão, não foram excluídos os problemas estruturais da educação no país. “Não existe interesse do poder público em socializar a educação”, afirmou Selma Dias Leite, secretária de EAD da Universidade Federal do Pará. Ela também preside o Conselho Deliberativo da UniRede, que reúne 81 instituições públicas de ensino de todo o país para a promoção do EAD.”Nosso projeto aumentaria em 140 mil as vagas de graduação, a partir do ensino público e gratuito a distância. Mas isso é considerado um risco para o sistema privado de educação. Enfrentamos problemas desde o governo anterior, quando havia grande apoio às instituições privadas”, disse Selma.

Lisete Arelaro, professora da Faculdade de Educação (FE-USP), vai no mesmo sentido. “É preciso saber se é uma disputa por democratização ou uma submissão do Estado ao setor privado. Devemos buscar a democratização com a garantia da qualidade, e ensino privado no Brasil não quer dizer qualidade. No país, o que importa é o diploma, pouco se atenta para o nível da educação. EAD deve ser uma estratégia a favor do povo brasileiro, e não um negócio”.

Também participou do evento o professor Ademar Raimundo Teixeira, pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Ele apresentou as iniciativas da universidade no uso de tecnologia para a formação de professores no estado, principalmente de ensino básico. “O Amazonas tem desafios particulares para a educação, como a dificuldade de locomoção dos professores e a falta deles. O EAD foi a solução que encontramos, e que vem dando resultados positivos”.

O seminário teve a coordenação de Carlos Dantas, presidente do Grupo de Trabalho de Educação à Distância da USP. Após as considerações de cada membro da mesa, abriu-se espaço para perguntas dos espectadores. Professores dos campi de Bauru, Ribeirão Preto, Piracicaba e São Carlos também participaram da discussão, através de teleconferência.

Diego Mattoso, da Agência USP

M.J.