USP: Quedas limitam a autonomia do idoso

Acidentes provocam traumas físicos e psicológicos que podem dificultar a vida cotidiana do idoso

seg, 19/07/2004 - 19h46 | Do Portal do Governo

Os acidentes por quedas são comuns na vida de um idoso, mas não devem ser considerados ‘naturais’. Por mais corriqueiras que possam parecer, as quedas, em sua maioria, reduzem drasticamente sua capacidade para realizar as tarefas mais simples do dia-a-dia.

A importância que os problemas relacionados às quedas possui na vida das pessoas com mais de 65 anos foi a motivação do estudo de Suzele Cristina Coelho Fabrício, que defendeu seu mestrado na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP. A pesquisa teve lugar no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto e abrangeu 50 idosos.

‘O que fizemos foi elaborar um questionário que pudesse abordar o perfil social do paciente e dados sobre sua vida antes, durante e depois do tratamento da queda’, relata Suzele.

Munida desses dados, ela observou que, em 54% dos casos, as quedas aconteceram em decorrência de problemas com o meio ambiente, como por exemplo pisos escorregadios, objetos no chão e queda da cama. ‘Essa são as causas que costumamos chamar de extrínsecas, ou seja, provenientes do meio externo.’ Suzele explica que problemas neurológicos e cardiovasculares (intrínsecos ao idoso) foram responsáveis por apenas um quarto dos acidentes. ‘Isso mostra que está havendo uma falta de cuidado com o local freqüentado pelos idosos.’

Mudança significativa

Segundo Suzele, a pesquisa revelou uma mudança significativa na vida dos idosos acidentados. ‘Após a queda, uma série de atividades básicas (sentar-se, alimentar-se, levantar-se) e instrumentais (tomar medicamentos na hora certa, fazer compras, utilizar o transporte coletivo) ficam comprometidas’, explica. Antes da queda, por exemplo, 79% dos idosos entrevistados conseguiam levantar da cama. Depois do acidente, apenas 28% realizavam essa atividade sem auxílio de terceiros.

‘Observa-se então que as quedas diminuíram consideravelmente a autonomia dos idosos’ diz a pesquisadora. Ela ainda afirma que as possíveis fraturas oriundas desse tipo de acidente causam uma série de limitações ao idoso. ‘No entanto as conseqüências mais sérias são as de natureza psicológica. Por mais que o idoso consiga se recuperar fisicamente das quedas, ele pode deixar de desempenhar algumas atividades pelo simples medo de cair novamente. Nossa pesquisa apontou que 44% dos idosos acidentados possuem esse medo, que acaba por se transformar numa barreira social.’

‘É importante frisar que as quedas não são apenas decorrentes do envelhecimento. Elas podem significar que há algo de errado, ou com a saúde do idoso, ou com o lugar onde ele habita’. Por isso, esclarece Suzele, não se deve ignorar as queixas que as pessoas de mais idade freqüentemente fazem, já que a melhor maneira de se evitar a queda dos idosos é a prevenção. ‘Visitas às residências dos idosos seriam importantes para que seus familiares possam ser alertados dos fatores que provocam quedas’, conclui.

Tadeu Breda – Agência USP