O professor Gilberto Chierice, do Instituto de Química do campus da USP, em São Carlos, criou uma prótese à base de óleo vegetal extraído da mamona. A prótese obteve tanto sucesso no Brasil que foi aprovada pelo Food and Drug Administration (FDA), órgão do governo americano, que é referência mundial no assunto, e que autoriza e regula a comercialização e uso de novos alimentos e drogas.
A liberação do certificado está prevista para junho, quando será feita a primeira exportação do produto para os Estados Unidos. “Essa certificação nos habilitará a exportar para qualquer país do mundo”, ressalta o pesquisador.
A prótese vegetal é utilizada para tratamentos na área de neurocirurgia, especialmente de pessoas que sofrem com acidentes domésticos ou de trabalho, com armas de fogo e doenças. “A grande vantagem é que a prótese não causa reações inflamatórias nem rejeições por parte do organismo”, explica.
A equipe coordenada por Chierice desenvolveu um polímero vegetal maleável e biocompatível, que permite ao corpo humano substituir gradativamente essa massa vegetal por células ósseas. Isso ocorre porque o material é osteointegrável, ou seja, incentiva a produção de células ósseas naturais que, com o tempo, tomam o lugar da prótese vegetal.
Prótese mais leve
A prótese de mamona é muito mais leve que as atuais. As convencionais são feitas de ligas metálicas, como titânio, níquel e cromo. Para se ter uma idéia, uma prótese de titânio chega a pesar 400 gramas enquanto a equivalente, feita com a massa vegetal, tem, no máximo, 90 gramas. Outra vantagem: a nova prótese não interfere em exames como tomografia (a de titânio, por exemplo, distorce os resultados).
Na década de 90, o Ministério da Saúde autorizou a fabricação comercial. Desde então, sua habilitação tecnológica foi transferida para a empresa Poliquil, em Araraquara, responsável exclusiva pela produção e distribuição do material. O mercado brasileiro, especialmente nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Brasília aderiram à compra.
O novo material abre também a possibilidade de que outras partes do corpo, como nariz e orelha sejam reproduzidos. Essa pesquisa é desenvolvida pelo cirurgião maxilofacial Edelto dos Santos Antunes.
Da Agência Imprensa Oficial e Agência USP de Notícias
(AM)