USP: Projeto de educação ambiental promove reciclagem e reflorestamento

Programa USP Recicla foi criado em 1994

qua, 14/04/2004 - 10h21 | Do Portal do Governo

A Universidade de São Paulo (USP) gera, em média, metade do lixo (em peso) que produzia há dez anos, apesar do processo natural de crescimento da instituição. A redução ocorreu após a criação do programa USP Recicla, da Coordenadoria Executiva de Cooperação Universitária e de Atividades Especiais (Cecae) direcionado à educação ambiental dentro da universidade.

A iniciativa, que este ano celebra uma década de atividades, foi instituída em 1994, com a coleta seletiva do papel, material que compõe 70% de todo descarte produzido no câmpus. Atualmente, a cada mês, 15 toneladas do material deixam de ser inutilizadas e são recolhidas e vendidas por R$ 2.400,00, que garantem o pagamento de dois dos três funcionários encarregados da separação.

Mas o programa vai muito além desse trabalho. A coordenadora-executiva, Regina Carvalho, explica que o objetivo é constituir valores e contribuir para a revisão de hábitos, baseado no princípio dos três erres: redução, reutilização e reciclagem.

A educação permanente e a adesão consciente da comunidade uspiana a práticas que contribuam para a sustentabilidade ambiental têm sido a meta dos responsáveis pelo programa desde o começo. “Trabalhamos para enraizar os princípios do USP Recicla e procuramos promover a descentralização do projeto de forma coordenada”, explica Regina.

Para isso, atua por meio de planejamento educativo, realizado com verba própria de R$ 118 mil por ano, alocada pela Comissão de Orçamento e Patrimônio. As comissões internas de cada unidade são responsáveis pelas atividades. Só no ano passado, 12.435 pessoas foram conscientizadas em 132 eventos, entre cursos, palestras e oficinas.

O programa também promove cursos de especialização e de difusão. Para garantir sua aplicação de acordo com os princípios de origem, a educadora, Elizabeth Teixeira Lima, também responsável pela comunicação, elaborou um CD com procedimentos para uso da logomarca do USP Recicla, representado por um caracol (imagem que traz embutida a concepção do devagar e sempre).

O calendário comemorativo para a celebração dos dez anos do USP Recicla se estenderá por todo o primeiro semestre do ano com palestras, workshops e campanhas, mas terá o seu ponto forte a partir de junho, quando incluirá a própria expansão do programa.

Vida nova no instituto

Ipês, quaresmeiras, legustes, eucaliptos de várias espécies, manacás, mangueiras e até uma palmeira imperial, entre outras tantas árvores, integram a paisagem do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE) da USP. Nos seus cerca de 50 mil metros quadrados de extensão, a maior parte é área verde. E muito bem cuidada. O capricho do local enche de orgulho o encarregado do setor de manutenção do IEE, Irineu José Pombani, que acumula com a função a coordenação do programa USP Recicla, na entidade.

As mudanças começaram com a adesão do instituto ao programa, realizada logo no começo do projeto da Cecae. A primeira ação desenvolvida foi a substituição da maioria dos copos descartáveis por canecas de louça, numa iniciativa que baixou o consumo cerca de 90%. Em seguida, vieram os projetos de separação e uso racional do papel, cuidados gerais com o lixo e os cursos de conscientização ambiental.

A preocupação com a dengue motivou outra ação importante: a eliminação de um “bota-fora”, numa área onde era depositado de tudo, desde a grama cortada até peças de equipamentos inutilizadas. O material descartado passou a ser colocado em caçambas (observados os cuidados para evitar acúmulo de água).

Algum tempo depois, a grama e as folhas das árvores ganharam outro destino: a composteira. A idéia surgiu num curso de jardinagem, freqüentado por Irineu e dois funcionários do setor, Ivan dos Santos e Apolônio da Conceição, por meio do USP Recicla. Como conseqüência, os três criaram um mudário, passaram a cuidar dos jardins do instituto, fazer o transplante de plantas e, por fim, realizar a compostagem.

“Depois que a gente aprende a lidar com as plantas, muda o relacionamento que temos com elas”, diz Ivan dos Santos. “Agora trabalho com muito mais gosto”, ressalta. Segundo Irineu, além do benefício ambiental, a iniciativa tem rendido economia. “Gastávamos em média R$ 1.500,00 mensais com jardinagem, e agora produzimos o adubo, as mudas, e realizamos a mão-de-obra”, diz.

Mas, para eles, o maior ganho se dá no engajamento com o trabalho e com a natureza. “Realmente, esse nosso bosque ficou muito gostoso”, admira Ivan. “Os melhores professores que a gente tem são as próprias plantas”, completa Irineu.

Da Agência Imprensa Oficial

(AM)