Cerca de 2.100 pessoas atendidas e 500 visitas domiciliares em dez dias. Estes são os números do Projeto Bandeira Científica, da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Em dezembro, uma equipe com 82 alunos e nove docentes visitou a cidade de Serra dos Aimorés, com aproximadamente 8 mil habitantes, em Minas Gerais. O objetivo foi proporcionar aos estudantes vivência em atendimento de populações carentes afastadas dos grandes centros, fornecendo a elas diagnósticos dos mais variados problemas de saúde.
A base do Projeto está no atendimento primário, ou seja, achar soluções por meio de exames clínicos sem dispor de equipamentos mais sofisticados. ‘Os casos que necessitassem de exames mais detalhados eram encaminhados para os procedimentos cabíveis’, explica o professor da FMUSP e supervisor do Projeto, Carlos Eduardo Corbett.
Os resultados completos sairão ainda este em fevereiro, mas o professor adiantou que a maior incidência foi de hipertensão e de diabetes. No ramo psiquiátrico, depressão e ansiedade. E ‘aparentemente, a taxa de verminoses não é das mais altas.’ Também foram realizados exames de prevenção de câncer ginecológico, a fim de identificar fatores de pré-disposição, como vírus, por exemplo.
Para dinamizar o atendimento, antes da chegada da Bandeira, agentes comunitários de saúde local marcaram as consultas, organizadas por especialidades – dentre elas, otorrinolaringologia, pediatria e psiquiatria. ‘Além de receber quatro postos de atendimento, o município conseguiu ativar 15 consultórios de um hospital que estava abandonado’, conta o professor Corbett. Palestras sobre DST´s e AIDS também foram organizadas.
Resgatando ideais
O ideal das Bandeiras Científicas foi resgatado em 1997, quando alguns alunos encontraram relatos do Projeto em Revistas de Medicina da década de 60 – periódico científico do Centro Acadêmico da FMUSP. As Bandeiras eram expedições científicas que mobilizavam os alunos do terceiro ano e professores da Faculdade.
Atualmente, as atividades desenvolvidas vão de treinamento e capacitação de agentes de saúde à consultoria para implantação de Programa de Saúde da Família, passando por pesquisas científicas adequadas às condições locais. ‘Após a visita da expedição, há a continuidade do auxílio prestado nas regiões visitadas’, frisa Carlos Eduardo.
Além de Serra dos Aimorés, em Minas Gerais, o Projeto já visitou os municípios de Cajati e Eldorado, ambos em São Paulo, Monte Negro, em Rondônia, e Buriticupu, no Maranhão. Os recursos são provenientes da Pró-reitoria de Cultura e Extensão da USP e de parcerias com órgãos públicos, como a Fundação para o Remédio Popular (FURP), ligada à Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, e de algumas empresas do setor privado, pois há também a distribuição de medicamentos.
Mais informações: (11) 3081-7799
Marcelo Gutierres – Agência USP
