USP: Projeto Bandeira Científica leva estudantes de medicina ao interior de Alagoas

Supervisionados por médicos, os alunos darão atendimento médico e traçarão perfil de saúde da população local

ter, 07/12/2004 - 11h40 | Do Portal do Governo

Os municípios de Teotônio Vilela e São José da Tapera, ambos no interior de Alagoas, serão alvo da próxima expedição do Projeto Bandeira Científica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Entre os dias 12 e 21 de dezembro, no período das férias, 100 estudantes da FMUSP, acompanhados por 30 médicos e fisioterapeutas, prestarão assistência médica voluntária e traçarão um perfil de saúde da população local, implementando ações preventivas e curativas de saúde. A meta é realizar 3.600 atendimentos em áreas básicas e diversas especialidades médicas, especialmente aquelas em que há mais carência na região.

Essas localidades foram escolhidas pelos coordenadores do projeto por terem alto índice de mortalidade infantil e integrarem a relação dos municípios mais carentes do Brasil. Teotônio Vilela, com 36 mil habitantes, localiza-se na região canavieira de Alagoas, sendo que 80% da população mora na zona urbana. A taxa de mortalidade infantil na região era de 43 para cada mil nascidos vivos, no ano de 2000. Localizado na região denominada ‘Microrregião da Batalha’, São José da Tapera possui 28 mil habitantes, dos quais 32% estão na zona urbana e 67% na zona rural. O município apresentava, em 2000, um índice de mortalidade infantil de 18 para cada mil nascidos vivos.

Este ano, o Projeto Bandeira Científica contará com a parceria da Universidade Federal de Alagoas, para que haja um acompanhamento permanente e preventivo, após a expedição. As consultas foram previamente agendadas pelos agentes de saúde locais. A seleção dos pacientes observou critérios de necessidade e gravidade das afecções. Haverá atendimento nas áreas de Clínica Médica, Ginecologia, Pediatria, Infectologia, Psiquiatria, Otorrinolaringologia, Oftalmologia e Fisioterapia. Serão realizados, ainda, exames laboratoriais e vacinações.

O supervisor do Projeto Bandeira Científica, Prof. Dr. Carlos Eduardo Pereira Corbett, explica que o objetivo da missão não se resume à assistência médica em nível primário. Dentre as atividades previstas, está a realização de um inquérito epidemiológico, que reunirá dados sobre a condição sócio-econômica dos pacientes, doenças prevalentes, cobertura vacinal e aspectos gerais de saneamento básico e higiene. A partir dessas informações, será elaborado um relatório detalhado sobre as condições de saúde locais. Serão realizados, ainda, ciclos de palestras sobre educação em saúde para a população geral, programas de capacitação para agentes de saúde e médicos, além de atividades de pesquisa.

Após a expedição, a equipe do Projeto Bandeira Científica realizará, em conjunto com as instituições participantes, incluindo prefeituras e autoridades locais de saúde, uma análise e discussão detalhada das conclusões. Também serão elaborados relatórios para o Ministério da Saúde e uma apresentação para discussão dos dados e possíveis medidas práticas para otimização dos aspectos de saúde locais.

O Projeto Bandeira Científica surgiu em 1957, com ênfase nos aspectos de educação e pesquisa, mas foi interrompido em 1968 em virtude da situação político social da época. Desde que foi retomado em 1998, seis expedições já foram realizadas: Cajati (SP), Eldorado (SP), Monte Negro (RO), Buriticupu (MA), Serra dos Aimorés (MG) e Presidente Epitácio (SP). Num balanço geral desde 1998, a Bandeira Científica totalizou 10.173 atendimentos, 2.208 exames laboratoriais, 423 vacinações e 164 palestras, entre outros procedimentos.

Da Fundação Faculdade de Medicina da USP

(LRK)