USP: Projeto Bandeira Científica chega ao Pontal do Paranapanema

Participarão alunos, professores e residentes da FMUSP e docentes e alunos da Universidade do Oeste Paulista

ter, 02/12/2003 - 20h38 | Do Portal do Governo

Aprendizado e prática. Esta é a base que levará, entre os dias 12 e 22 de dezembro, alunos e professores da Faculdade de Medicina (FM) da USP à região do Pontal do Paranapanema, divisa de São Paulo com Paraná. Em sua sexta edição, o Projeto Bandeira Científica contará com 100 alunos, 20 professores e residentes da FMUSP, além da participação de docentes e 40 alunos da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), localizada na região.

‘Com o projeto, espera-se proporcionar uma aproximação maior dos futuros profissionais com os aspectos humanos e sociais das doenças estudadas em sala de aula’, afirma o professor Carlos Corbett, coordenador da expedição.

A escolha, segundo o professor, deu-se pelo fato de se tratar de uma área carente, necessitando de assistência médica. ‘Os conflitos de terra se arrastam ali desde a década de 60, sendo habitada por assentados e acampados do Movimento dos Sem Terra (MST)’, conta Corbett. ‘O quesito distância foi levado em conta, pois assim pudemos aumentar nossa equipe’, ressalta.

Para realizar o trabalho médico e social em Paranapanema, o coordenador do projeto vem, desde o início do ano, se reunindo com equipes da prefeitura de Presidente Epitácio e membros da Unoeste para conseguir o aval legal da iniciativa. Corbett procurou também o apoio da Sociedade Rural Brasileira (SRB) e de lideranças do MST. Para o pesquisador, ‘esta articulação demonstra que não haverá conflitos enquanto a Bandeira Científica estiver realizando seu trabalho’.

Assim como nas edições anteriores, espera-se no Pontal traçar um perfil social e de morbidade dos habitantes e, com isso, produzir dados para a elaboração de plano de orientação dos serviços de assistência à saúde, a ser entregue para a prefeitura. De antemão, a equipe da FMUSP já sabe que encontrará casos como de leishmaniose e hipertensão, porém não há dados precisos da sua distribuição na população. ‘Nossa equipe será subdividida por especialidades, como pediatria, psiquiatria, otorrinolaringologia, dermatologia, clínica geral e ginecologia. Neste esquema os casos poderão ser atendidos com maior rapidez ‘, diz Corbett.

O relatório final levará dois meses após a expedição para ser entregue. O professor explica que, desde 98, o projeto registra continuidade nas áreas visitadas. Isso muitas vezes graças uma iniciativa conjunta entre colaboradores locais, moradores e a prefeitura.

Parte da História

O Projeto Bandeira Científica foi criado em fins da década de 50 e teve suas atividades interrompidas em 1968, quando muitos docentes que participavam do projeto foram afastados da FMUSP, prejudicando o andamento da iniciativa. ‘Esta atividade era considerada subversiva porque estávamos conhecendo o Brasil miserável e carente. Neste período, todo tipo de atuação social , era vista como contrária ao governo militar’, relembra Corbett, que era estudante da USP nesta época..

Sua reativação ocorreu em 1998, quando alguns encontraram relatos do projeto na Revista de Medicina do Centro Acadêmico Oswaldo Cruz, da FMUSP da década de 60. ‘Desde então, realizamos as bandeiras todo ano e o número de participantes é crescente. Em 2000 contamos com 35 pessoas, 2001 foram 63 alunos da FMUSP, além de 14 da Universidade Federal do Maranhão e este ano tivemos 260 inscritos, só da FMUSP e 130 completaram o treinamento’, ressalta Corbett.

Mais informações: (11) 3066-7426 ou pelo e-mail ccorbett@usp.br

Juliana Kiyomura Moreno – Agência USP