USP: Professor desenvolve próteses a base de mamona

Esse é o resultado de quase duas décadas de pesquisas coordenadas pelo professor Gilberto Chierice

sex, 09/05/2003 - 20h24 | Do Portal do Governo

Criar próteses, leves, baratas e que não sejam rejeitadas pelo organismo. E tudo isso tendo como base um óleo vegetal extraído da mamona. Esse é o resultado de quase duas décadas de pesquisas coordenadas pelo professor Gilberto Chierice, do Instituto de Química do campus da USP em São Carlos.

A equipe coordenada por Chierice desenvolveu um polímero vegetal extremamente maleável e totalmente biocompatível, que possibilita que o corpo humano substitua gradativamente essa massa vegetal por células ósseas. A descoberta abre a possibilidade de um tratamento melhor e mais barato a milhares de pessoas que todos os anos sofrem com acidentes domésticos ou de trabalho, com armas de fogo e doenças, por exemplo.

‘Sua grande vantagem e que não causa reações inflamatórias nem rejeições por parte do organismo’, relata o professor Chierice, cuja pesquisa começou em 1984, quando estudava, para a antiga Telebrás, novas substâncias que pudessem revestir fios e cabos telefônicos. Isso acontece porque o material é biocompatível e também ostiointegrável, ou seja, ele incentiva a produção de células ósseas naturais, que com o tempo tomam o lugar da prótese vegetal.

Além do mais, a prótese de mamona é muito mais leve do que as atuais, feitas de ligas metálicas como titânio, níquel e cromo. Para se ter uma idéia, uma prótese feita de titânio atualmente chega a pesar 400 gramas, enquanto uma feita a partir da massa vegetal chega no máximo a 90 gramas. Ela também não interfere em exames como uma tomografia; o titânio, por exemplo, distorce os resultados desses exames.

A massa vegetal já foi aprovada pelo FDA (Food and Drug Administration), órgão do governo americano que regula a liberação de novos alimentos e drogas e que é referência mundial no assunto. A liberação do seu certificado é prevista para junho.

O material também permite que qualquer parte do corpo, como ossos, dedos, narizes e orelhas sejam reproduzidos. Essa parte da pesquisa vem sendo desenvolvida pelo cirurgião maxilo-facial Edelto dos Santos Antunes.

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