USP: Polímero estimula crescimento ósseo em casos de fraturas

Estudos apontam que o PVDF - polímero semelhante ao plástico - pode ser usado no futuro para recuperar lesões ósseas

ter, 02/08/2005 - 18h52 | Do Portal do Governo

O fluoreto de polivinilideno (PVDF), polímero semelhante ao plástico usado em sensores de pressão e alto-falantes de carros, estimulou o crescimento ósseo em coelhos com lesão na tíbia. Os testes feitos pelo tecnólogo em saúde, André Luís Paschoal, apontam que o PVDF pode ser usado no futuro para recuperar lesões ósseas em idosos ou doentes muito debilitados com dificuldades de consolidação óssea.

‘O PVDF, quando devidamente polarizado, apresenta um efeito piezelétrico, ou seja, a grosso modo, transforma energia mecânica em energia elétrica’, relata Paschoal. ‘Colocado no local da lesão, o polímero aproveita movimentos gerados sob o próprio osso para criar um campo elétrico com a intenção de estimular a ação de osteoblastos, células responsáveis pelo crescimento ósseo.’

Em cada coelho usado nas experiências, foram produzidas duas lesões em cada tíbia. ‘Uma pata recebeu uma placa de titânio com o polímero e a outra só a placa’,conta Paschoal. ‘A consolidação óssea foi acompanhada por 30 dias, com a medição da taxa de crescimento ósseo, que foi maior nas patas que receberam o implante do polímero.’

A pesquisa está descrita em tese de doutorado apresentada na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP sob orientação da professora Lauralice de Campos Franceschini Canale. Segundo o pesquisador, ‘o aumento do volume ósseo dos animais que receberam o polímero e fizeram exercícios foi cerca de 13% maior do que os coelhos que não se exercitaram’.

Exercícios

Parte dos coelhos pesquisados foram exercitados em uma esteira no período que estiveram com as placas. ‘Nestes animais, a recuperação óssea foi semelhante em ambas as patas, ou seja, com e sem o uso do polímero’, relata o tecnólogo. ‘Estes resultados indicam que, no futuro, o PVDF pode vir a ser recomendado para idosos ou doentes muito debilitados, com retardo de consolidação óssea e dificuldade de realizar exercícios.’

Contudo, de acordo com o pesquisador, o uso da técnica em seres humanos dependerá de mais testes. ‘O polímero precisa ser experimentado em animais de maior porte, como ovelhas e porcos, antes dos testes clínicos’, diz. ‘Os primeiros exames de biocompatibilidade não apontaram nenhuma contra-indicação, mas serão precisas outras avaliações para a técnica se adequar às normas internacionais.’

As experiências com coelhos foram realizadas no Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP, com a supervisão do médico ortopedista, Raul Bolliger Neto, e da médica veterinária, Angélica Paula Grando. As taxas de crescimento ósseo dos coelhos foram avaliadas por meio de testes de histomorformetria no Laboratório de Histopatologia Renal da FM, sob a supervisão da médica nefrologista Vanda Jorgetti.

Mais informações: (15) 9727-9955, com André Luís Paschol

Júlio Bernardes
Agência USP