USP: Poli instala sistema para coleta e aproveitamento de água de chuva

Tese será apresentada no próximo dia 29

qui, 08/04/2004 - 20h10 | Do Portal do Governo

Em tempos de crise de abastecimento de água, com reservatórios operando em seus limites, uma idéia simples, implantada no Centro de Técnicas de Construção Civil (CTCC) da Escola Politécnica da USP, vem mostrando resultados eficientes na conservação de água potável. Trata-se de um sistema de coleta e aproveitamento de água de chuva para consumo não potável em edificações.

O objetivo é coletar e armazenar água para ser utilizada na limpeza de vasos sanitários, irrigação de jardins, limpeza de calçadas e pátios, lavagem de veículos, etc. ‘O sistema é composto por um coletor automático de amostras seqüênciais de água de chuva e por três caixas d’água com capacidade para 500 litros cada uma’, explica a engenheira civil Simone May. Ela é autora da dissertação de mestrado Estudo da viabilidade do aproveitamento de água de chuva para consumo não-potável em edificações, que será apresentada no próximo dia 29 de abril no Departamento de Engenharia de Construção Civil da Poli, sob orientação do professor Racine Tadeu Araújo Prado.

Após obter a água das chuvas com o coletor automático, as amostras são levadas ao Instituto Adolfo Lutz onde são analisadas. A água armazenada nos reservatórios destina-se a fazer a alimentação de dois vasos sanitários do CTCC. ‘Numa residência, por exemplo, aproximadamente 35% do consumo total é utilizado em um único vaso sanitário’, calcula Simone.

Desde 2001, época da construção e instalação do sistema, a engenheira vem realizando análises físicas, químicas e bacteriológicas de amostras de água de chuva, num total de 28 parâmetros. ‘A água de chuva é ácida e, em nosso caso, 50% das amostras continham coliformes fecais’, revela. Segundo Simone, os coliformes fecais são, em geral, provenientes de animais de sangue quente como pássaros, gatos, ratos, etc. ‘Como a água é coletada do telhado, além dos coliformes fecais existem outros tipos de poluentes depositados na cobertura, o que resulta na confirmação de coliformes totais. Contudo, constatamos que há baixas concentrações de materiais pesados, como ferro e manganês, por exemplo’, conta.

Sistema experimental

O sistema experimental construído no CTCC teve como objetivo
coletar e verificar a qualidade de amostras de água de chuva. O experimento, que custou cerca de R$ 100 mil, foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Para as análises das amostras, um coletor automático que mantém a água a 5º C foi especialmente desenvolvido por uma empresa brasileira, sob a supervisão de Simone. ‘Não havia nenhum equipamento como este no Brasil. Com base nas especificações referentes ao número de amostras, temperatura e tempo de coleta, construímos um projeto piloto. O coletor automático de amostragem seqüencial teve um custo de R$ 50 mil’, conta a engenheira.

As análises, segundo Simone, são importantes para que sejam determinados parâmetros de qualidade para propor um tratamento visando o uso da água de chuva para consumo não potável, sem prejuízo à saúde. No sistema de coleta e armazenamento, a água passa por um vertedouro onde faz-se a leitura do volume que está chegando aos reservatórios. ‘Uma bomba recalca a água de chuva para um terceiro reservatório que está sobre a laje do edifício, que abastece os dois vasos sanitários do edifício’, explica Simone. A idéia, segundo ela, é instalar entre a bomba e o último reservatório, um dosador de cloro para fazer a desinfecção da água de chuva antes de sua utilização.

Simone assegura que o sistema pode ser facilmente adaptado em uma residência, por exemplo. ‘Basta que sejam instaladas calhas, um reservatório de acumulação e peneiras, para retirada de folhas e galhos. Após o descarte dos primeiros 15 a 20 minutos, onde faz-se a limpeza do telhado, a água de chuva poderá ser coletada e utilizada onde não há necessidade de água potável na edificação’, diz a pesquisadora.

Mais informações pelo telefone(0XX11) 3091-5459, com Simone May; e-mail: simone.may@poli.usp.br

Da Agência USP de Notícias/Antonio Carlos Quinto/L.S.