USP: Poli estimula alunos de graduação a concluir curso com trabalhos de interesse social

Objetivo é incentivar os alunos a escolherem temas voltados ao interesse social em seus trabalhos de conclusão de curso

sex, 27/02/2004 - 20h30 | Do Portal do Governo

A Escola Politécnica (Poli) da USP criou o projeto Poli Cidadã. O objetivo é incentivar os alunos a escolherem temas voltados ao interesse social em seus trabalhos de conclusão de curso. Com isso, é possível beneficiar instituições carentes e permitir que os novos engenheiros conheçam outras realidades.

‘Um trabalho que às vezes acaba sendo feito com um tema escolhido de última hora, só por exigência curricular, poderia ser melhor e beneficiar quem realmente precisa’, explica o professor Antonio Luís Campos Mariani, coordenador da Comissão de Projetos de Graduação com Responsabilidade Social e responsável pelo projeto.

Qualquer interessado em sugerir propostas pode cadastrá-las no endereço www.poli.usp.br/policidada. O site é atualizado continuamente, expondo as novas propostas. ‘A idéia é atender, com projetos de engenharia, as necessidades das entidades com menor acesso aos desenvolvimentos tecnológicos’, diz o professor. ‘Grandes empresas já contam com seus próprios recursos’.

Os professores da comissão têm consultado algumas entidades, como as prefeituras de São Paulo, Diadema e Jacareí, além do Hospital Universitário (HU) da USP, a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) do Estado de São Paulo, instituições que atendem a crianças carentes, lidam com reciclagem de lixo, etc.

Um exemplo próximo é o HU, para onde podem ser desenvolvidas macas com mais resistência. ‘De lá vieram sugestões de melhoria para este tipo de equipamento’, diz Mariani. ‘Mas os alunos também podem trabalhar na Coordenadoria Executiva de Cooperação Universitária (Cecae) da USP, por exemplo, desenvolvendo projetos e equipamentos, como para a reciclagem de lixo’.

Iniciativas dos alunos

No fim do ano passado, a comissão divulgou o projeto aos alunos que se formariam em 2004. ‘É importante que esses trabalhos sejam feitos pelos alunos que estão se formando, para que possam pôr em prática todo o conhecimento e aptidões que desenvolveram’, diz. Os alunos também são informados pela Intranet da Poli, o sistema interno de informática.

De acordo com o professor, aproximadamente 75% dos alunos da Poli vêm de classes sociais privilegiadas. ‘Trata-se de uma oportunidade para expandirem sua formação pessoal e crescerem, percebendo que podem utilizar suas aptidões e conhecimentos para contribuir com a sociedade e conhecer as realidades dos mais carentes’.

Já foram feitos projetos dentro desta proposta, sem a motivação da escola. Um exemplo foi o de um pequeno caminhão de lixo para fazer coleta em locais periféricos com urbanização irregular, como Heliópolis. Ele ganhou em 2003 o Prêmio Soluções, do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) e da Rede Globo.

‘O problema é que o caminhão comum não consegue entrar na região, pois as ruas são muito pequenas’, explica o engenheiro. ‘Esse caminhãozinho recolheria o lixo, se comunicaria por rádio com o maior e se acoplaria a ele por meio de um sistema de mecanismos, para transferir o que foi colhido’.

‘Um exemplo mais recente, concluído em dezembro de 2003, foi o de alguns alunos que fizeram um projeto de um elevador na Poli com menor custo’, conta o professor. ‘Seria usado por deficientes, como um colega deles que ficou tetraplégico, utilizando uma tecnologia alternativa’.

Nenhum destes projetos, no entanto, foi colocado em prática. No primeiro caso, a execução é por conta da Prefeitura de São Paulo, no segundo, a Poli ainda está verificando a disponibilidade dos recursos. Mariani ressalta que os trabalhos de conclusão de curso dos alunos não incluem a execução do projeto. ‘Não haveria tantos recursos para isso’, diz.

Maurício Kanno – Agência USP