USP: Poli alerta para a segurança das cadeiras infantis em automóveis

Alunos do Mestrado Profissional em Engenharia Automotiva pesquisam o assunto e fazem alertas

qui, 07/07/2005 - 20h49 | Do Portal do Governo

Complexidade do produto e falta de informação dos pais colaboram para o alto índice de mortes de crianças, em acidentes de automóveis. Alunos do Mestrado Profissional em Engenharia Automotiva pesquisam o assunto e fazem alertas.

O Mestrado Profissional em Engenharia Automotiva da Escola Politécnica da USP incentiva os seus alunos, profissionais que atuam no dia-a-dia da indústria automotiva brasileira, a escolherem casos reais para trabalhar seus projetos acadêmicos. E foi assim que cinco alunos, todos engenheiros da General Motors do Brasil (GM), decidiram pesquisar a Utilização de Assento de Segurança Infantil, aplicando os conhecimentos adquiridos na aulas de Engenharia do Valor.

Dados coletados no projeto comprovam que, no Brasil, a cada ano, mais de 1.200 crianças morrem vítimas de acidentes de carro. Segundo Carlos Ney R.P. Mendes, um dos autores do trabalho, esse número poderia ser drasticamente reduzido, se as crianças estivessem instaladas em assentos infantis seguros. ‘Nos Estados Unidos, segundo a National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA), o risco de morte diminui em até 71% para as crianças de até um ano de idade que utilizam um assento de segurança’. Eduardo R. Martins, outro autor do trabalho, acrescenta que, segundo a mesma fonte, cerca de 80% desses assentos são instalados de forma incorreta, proporcionando uma falsa segurança.

Diante desses dados, o grupo analisou a norma brasileira 14400 (Veículos Rodoviários – Dispositivos de Retenção para Crianças – Requisitos de Segurança). Eduardo Martins observa que, no Brasil, a norma ainda não foi regulamentada, sendo apenas indicativa, não obrigatória. ‘Escolher um sistema que garanta a segurança de seu filho no caso de um acidente de automóvel não é uma tarefa fácil para pai nenhum, mesmo para um engenheiro, acostumado com manuais e normas. Há uma série de detalhes, como escolher o dispositivo em virtude do peso da criança, além das nomenclaturas e aplicações bem específicas, como ancoragens, retratores, cintos, tiras, dispositivos de ajustes’, afirma, concluindo: ‘Tudo isso colabora para que o comprador realize uma aquisição muitas vezes não apropriada e faça uma instalação ineficiente do produto’.

Adinan Celso Brandão, também autor, comenta que, nesse contexto de informações, o grupo optou em estudar um modelo de assento, utilizando-se de conceitos da disciplina Metodologia da Análise do Valor do Mestrado Profissional. O objetivo era compreender a funcionalidade de cada parte do equipamento, sugerir melhorias, minimizar erros de instalação, bem como definir novos conceitos. Um dos principais entraves na instalação e, por conseqüência, responsável pela má instalação, é a força necessária para adaptar e travar o assento no banco do veículo. Durante o trabalho, surgiram três possibilidades de melhorias, que foram analisadas:

Adoção de uma catraca na estrutura do assento infantil, visando diminuir a força empregada na instalação do assento;

Instalação de uma alavanca nas laterais do assento, a fim de diminuir a força necessária para montagem;

Criar uma base independente que fique fixa no automóvel, facilitando a utilização da cadeira em outros carros, com segurança (família com dois carros teriam duas bases, podendo transferir a cadeira, de veículo, com facilidade, além de garantir a segurança)

Analisando os quesitos custo de fabricação dos componentes sugeridos, investimentos necessários, facilidade de montagem, menor esforço e tempo gasto na montagem, os alunos do Mestrado Profissional concluíram que a alternativa mais apropriada seria a adoção de um conceito diferente, de base e estrutura. Na opinião da equipe, todos os produtos, já existentes no mercado ou que serão lançados, deveriam ser acompanhados de um manual muito bem ilustrado, para evitar erros na montagem. ‘A família pode adquirir um bom produto, porém, se a instalação for deficiente, a criança estará falsamente segura, no caso de um acidente’, reafirma Carlos Ney.

Os engenheiros envolvidos no projeto (Adinan Celso Brandão, Carlos Ney R. P. Mendes, Douglas C. Ruiz, Eduardo R. Martins e Mauricio G. Rutkauskas), alunos do Mestrado Profissional, colocam-se à disposição para atender jornalistas interessados em aprofundar o tema.