USP: Plano de saneamento une ciência e saber indígena

Projeto pretende melhorar as condições sanitárias de terra mindígena e adaptá-las à tradição local

qui, 06/01/2005 - 21h12 | Do Portal do Governo

A Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) vão participar de um projeto de educação em saúde e pesquisa de melhorias sanitárias em um distrito indígena no Estado do Amazonas. ‘Vamos identificar as soluções mais adequadas à realidade do local’, diz Renata Ferraz de Toledo, aluna de pós-graduação da FSP. O Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Manaus colaboram com a iniciativa.

A pesquisa vai acontecer no distrito de Iauaretê do município de São Gabriel da Cachoeira, em terra indígena. A população local, entre 2700 e 3 mil habitantes, é de indígenas que foram se mudando para a área que está apresentando feições urbanas, mas mantiveram seus hábitos sanitários de quando viviam em aldeia. ‘Não há os devidos cuidados sanitários com a questão do lixo e do esgoto, por exemplo, e a contaminação aquática é um fato preocupante’, explica Leandro Giatti, doutorando da FSP que participa do projeto.

O trabalho deve resultar em um projeto a ser apresentado depois de um ano. Durante o período em que estiverem lá, os pesquisadores vão acompanhar a população e fazer sugestões de melhorias, conforme forem sendo notadas as necessidades. A primeira visita de campo está programada para março de 2005. ‘Será feito um diagnóstico ambiental, para identificar as fragilidades, e um levantamento epidemiológico’, conta Giatti.

Intervenção

Renata Toledo explica que a educação em saúde tem um papel muito importante no projeto. ‘Para fazer propostas que possam ser incorporadas à cultura da população, é preciso conhecer os aspectos culturais que influenciam seus hábitos sanitários’, explica. De acordo com Leandro Giatti, ‘a solução não é simplesmente construir banheiros, pois existem várias situações na cidade em que a prefeitura colocou banheiro e a população não usava’.

Os indígenas não receberão apenas conhecimentos prontos, afirma Renata. ‘Os pesquisadores vão procurar um diálogo com o conhecimento tradicional’, ressalta. ‘Vamos mostrar a eles a realidade e deixá-los capazes de identificar o problema e transformar essa situação.’

Leandro Giatti diz que a iniciativa é pioneira, por envolver diversas frentes de conhecimento para solucionar o problema como um todo. ‘Existem iniciativas isoladas, para resolver casos pontuais, como o do problema da água ou do esgoto’, aponta. ‘Mas esse projeto é de uma complexidade maior, pois integra indicação de soluções de infraestrutura com processo educativo.’

Mariana Delfini – Agência USP
C.A.