USP: Pesquisadores criam modelo para reduzir vazamentos nas redes de água

Modelo desenvolvido na EESC usa dados reais para controlar a pressão da água em redes de abastecimento urbano e pode minimizar o índice de vazmentos

ter, 23/03/2004 - 19h47 | Do Portal do Governo

As companhias de abastecimento de água poderão adotar, a partir de agora, modelos para controlar a pressão em redes de abastecimento urbano e minimizar o índice de vazamentos. Na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, pesquisadores realizaram simulações em computador, com base em dados colhidos em redes reais, que comprovam a eficiência destas fórmulas.

Segundo a professora da Luisa Fernanda Ribeiro Reis, que integra o Grupo de Estudos Avançados em Sistemas de Distribuição de Águas (GEASD) da EESC, o controle da pressão da água nas redes urbanas diminui o índice de vazamentos. ‘Apesar da redução, é necessário obter um nível de pressão que garanta o abastecimento satisfatório da população’, afirma. ‘As empresas de abastecimento precisam ter modelos adequados, que reproduzam fielmente o comportamento das redes, para exercer seu controle de maneira mais efetiva.’

Os modelos desenvolvidos na EESC calculam a pressão da água levando em conta os vazamentos e a demanda variável com a pressão nas redes de abastecimento. ‘Simulações computacionais com dados coletados em redes de água reais sugerem redução considerável de vazamentos com a instalação de válvulas redutoras de pressão em pontos mais adequados da rede’, diz. ‘Os modelos matemáticos de simulação hidráulica existentes não consideram os vazamentos e a demanda, por isso são menos realistas’, diz.

Controle

De acordo com Luisa Fernanda Reis, o tempo de implantação dos cálculos criados na EESC dependem do tamanho da rede de abastecimento e do levantamento setorizado do consumo de água e dos vazamentos. A professora observa que não é possível falar em ‘vazamento zero’, o que tornaria o sistema anti-econômico para as companhias de água. ‘Não existe rede estanque, todas vazam’, aponta. ‘Entretanto, do ponto de vista da sustentabilidade dos recursos hídricos, é inadmissível que cerca de 40% da água bombeada e tratada se perca no sistema de distribuição.’

A pesquisadora observa que a ocorrência de vazamentos também está relacionada à idade das redes de abastecimento, o material utilizado, o padrão de assentamento e a qualidade da manutenção das tubulações. ‘Existe o problema do vazamento distribuído, verificado nas juntas que ligam as redes adutoras de água aos ramais prediais’, afirma. ‘Desse modo, é necessário calibrar os modelos hidráulicos dos sistemas de distribuição para permitir a avaliação das perdas de água. Assim, é possível se exercer um controle operacional sobre as redes de abastecimento urbano’.

Luisa Reis aponta que uma das maiores dificuldades para se implantar programas de controle dos vazamentos é a descontinuidade administrativa nas companhias de água. ‘Na maioria dos casos, os projetos são descartados quando há mudança administrativa ou não chegam a ser implantados’, diz. ‘A questão dos vazamentos só deverá se tornar prioritária quando as empresas de abastecimento tiverem de pagar pelo uso da água dos mananciais’. A professora também coordena ensaios em circuito de rede montado em laboratório de hidráulica, com o auxílio da Finep e CNPq.

Mais informações: (16) 273-9545, com Luisa Fernanda Ribeiro Reis

Júlio Bernardes – Agência USP