USP: Pesquisadora analisa as causas que influenciam o consumo de alimentos gordurosos

Para mudar hábitos, deve-se levar em conta alguns fatores como o cotidiano e a preferência de alimentos

ter, 18/02/2003 - 10h44 | Do Portal do Governo

A enfermeira Regina Bermudo Narciso estudou as causas que influenciam as pessoas a ingerirem alimentos gordurosos. Os resultados da pesquisa estão na dissertação de mestrado ‘Conhecimentos e Crenças Sobre o Consumo de Alimentos Ricos em Gordura’, apresentada na Escola de Enfermagem da USP.

No estudo, a pesquisadora aponta que as mudanças de hábitos alimentares, recomendadas por profissionais de saúde, devem considerar fatores específicos de cada um, como o cotidiano, os relacionamentos e a preferência quanto aos alimentos.

‘É preciso compreender no que se baseiam as escolhas das pessoas para fazer uma intervenção melhor e não repetir orientações que não são implementadas’, diz Regina. Segundo ela, as causas que influenciam a alimentação das pessoas estão repletas de motivações pessoais, como educação, associações afetivas, presença constante de dúvidas, ambigüidades, sentimentos de culpa, necessidade de disciplina e conflitos entre o conhecimento racional e o prazer. ‘Eu esperava encontrar causas mais estanques. A mesma situação pode ter significados contrários para indivíduos diferentes’.

Fundamentada numa teoria da psicologia social, Regina considerou que as pessoas tomam suas decisões com motivações de duas origens: a primeira é a opinião particular, sobre tomar uma atitude qualquer e as conseqüências deste ato. A outra é a opinião de pessoas próximas, com as quais se procura concordar.

Entre as motivações relativas à opinião pessoal, as influências sobre a alimentação dos pacientes estavam relacionadas a três temas principais: prazer, saúde e disponibilidade. Gosto e aparência justificaram tanto o consumo quanto a rejeição aos alimentos.

Muitas pessoas se referiram ao conforto emocional que tinham ao comerem doces e produtos que remetessem à sua infância e aos hábitos familiares. Na opinião dos pacientes, a gordura está relacionada a males, como problemas cardíacos, mas tem funções vitais no organismo. Muitos consideram os alimentos gordurosos baratos e disponíveis, especialmente em bares e lojas de fast food. Os restaurantes ‘por quilo’ oferecem muita gordura, mas têm opções.

Quanto às influências causadas por outras pessoas, os maiores estimuladores do consumo de gordura foram a família e os grupos de amigos, em reuniões festivas. ‘As pessoas citam suas descendências, como italianos e espanhóis, explicando o hábito de festejar, que é bastante arraigado’, diz a pesquisadora.

O ambiente de trabalho pode estimular o consumo mas, principalmente entre as mulheres, proporciona uma cobrança entre colegas, sobretudo estética. Em geral, as mulheres inibem seus maridos a consumirem gordura por razões de saúde. ‘O encontro familiar é estimulante, mas os familiares isolados são cuidadosos’. Outros inibidores são os médicos e programas das empresas.

Por Lucas Oliveira Telles

Mais informações podem ser obtidas no site usp.br/agenciausp

V.C.