Pesquisa realizada pelo Instituto de Saúde – órgão da Secretaria de Estado da Saúde –, feita em 111 municípios paulistas, mostra que a porcentagem de crianças de 0 a 4 meses em processo de amamentação exclusiva é de apenas 26%. Essa situação é preocupante pois a Organização Mundial da Saúde recomenda que as crianças devem ser alimentadas exclusivamente com o leite do peito pela mãe, até a idade de seis meses de vida, o que reduz substancialmente os riscos de infecções.
Para promover e intensificar ações de apoio ao aleitamento materno, o Instituto de Saúde iniciou, em 1998, o projeto “Amamentação & Municípios”, com o objetivo de identificar a população vulnerável ao desmame precoce.
“O projeto faz o diagnóstico da situação do aleitamento no município para estabelecer políticas que incentivem a amamentação”, explica a pediatra Sônia Isoyama Venâncio, coordenadora do programa.
Cada prefeitura inscrita recebe gratuitamente um software, elaborado pelo instituto, e envia uma equipe, treinada em curso de oito horas, para fazer a pesquisa em filas nos postos de saúde da cidade. Outro objetivo do projeto é formar um banco de dados de aleitamento materno dos municípios brasileiros.
‘A novidade do trabalho é avaliar até que ponto a implantação de programas de amamentação nesses municípios pode influenciar o comportamento das mães. Uma das conclusões da pesquisa é que, quanto maior o número de ações instituídas pelo município, maiores serão as chances de que o aleitamento seja exclusivo até o sexto mês”, diz a coordenadora.
O estudo revelou que em municípios com cinco ações de incentivo, 22,4% das crianças são alimentadas apenas com o leite materno no primeiro semestre de vida. A inexistência de programas faz esse índice cair pela metade.
Segundo a pesquisadora, entre os fatores que levam ao desmame precoce estão o baixo nível de escolaridade das mães, o fato de ser o primeiro filho e a idade (mães com menos de 20 anos).
Em relação à criança, os meninos têm menores possibilidades de serem amamentados exclusivamente até o sexto mês, pois as mães acreditam que eles necessitam de um complemento alimentar. “O baixo peso ao nascer, a utilização do Sistema Único de Saúde e a baixa condição socioeconômica da família também são fatores responsáveis pelo desmame precoce.”
Marcia Bitencourt – Da Agência Imprensa Oficial – Instituto de Saúde e Agência USP