USP: Pesquisa revela índices semelhantes de desnutrição em Ribeirão Preto e São Luís

Na capital maranhense o maior agravante é a má distribuição de renda; em Ribeirão é a alta taxa de tabagismo

ter, 17/02/2004 - 11h57 | Do Portal do Governo

Do Portal da USP
Por Juliana Kiyomura Moreno

Apesar das diferenças sócio-econômicas, as cidades de São Luís (MA) e Ribeirão Preto (SP) apresentam índices semelhantes quanto ao risco de nascimento de crianças desnutridas.

Na capital maranhense, 32,3% da população possui renda inferior a um salário mínimo, enquanto em Ribeirão Preto o índice é de 8,4%. Porém, a cidade do interior paulista tem como grande problema a alta taxa de tabagismo entre gestantes, que atinge a 20,7%.

A comparação foi analisada na tese de doutorado Fatores de risco para restrição do crescimento intra-uterino: comparação entre duas cidades brasileiras, de Vânia Maria de Farias Aragão, apresentada na Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto (FMRP).

‘Os fatores de risco para o nascimento de crianças desnutridas tendem a se igualar, (ambos próximos aos 18%) à medida que os problemas estruturais em São Luís são tão preocupantes quanto os comportamentais em Ribeirão’, afirma a pesquisadora que é pediatra e professora da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

A pesquisa foi realizada a partir do estudo de 2.443 recém-nascidos em São Luís, no ano de 1997, e 2.846 recém-nascidos na cidade paulista, em 1994, feito pelas duas universidades (UFMA e FMRP). ‘Por ser um estudo abrangente e aprofundado, atividades de coleta como estas são realizadas em intervalos longos. Esta é a primeira iniciativa feita no Maranhão; já em Ribeirão Preto, a coleta anterior ocorreu em 1987’, declara Vânia.

Conscientização

São Luís, a maior cidade do Maranhão, apresenta, segundo o estudo, baixa renda familiar e baixa escolaridade. Cerca de 32,3% da mostra analisada possui renda per capita igual ou inferior a um salário mínimo. Já 18,6% se encaixaria na parcela da população que sobrevive com uma renda entre 2 e 3 salários mínimos. Quanto à educação, apenas 4,9% de sua população possui 12 anos ou mais de estudo.

‘Os fatores de risco são reflexos de uma sucessão de problemas: a mulher maranhense por ter menos instrução acaba não realizando um acompanhamento pré-natal correto o que, por sua vez, evitaria a alta taxa de natimortalidade’, relata a pesquisadora.

Fatores como o nascimento de uma criança desnutrida podem se refletir em toda a vida adulta, tendo como conseqüência a maior chance de doenças cardiovasculares e diabetes.

Ribeirão Preto, por sua vez, apesar de ter acompanhamento pré-natal mais adequado e não sofrer tanto com a baixa distribuição de renda, possui o tabagismo como grande vilão a ser combatido entre as gestantes. ‘O índice de 20,7% de fumantes grávidas reflete no maior nascimento de crianças pequenas, já que a nicotina provoca uma parcial obstrução dos vasos uterinos dificultando a nutrição do bebê’, salienta Vânia.

Mais informações podem ser obtidas no site www.usp.br/agen
V.C.