USP: Pesquisa mostra expansão de pré-vestibulares para alunos carentes

Em 1990 havia apenas um cursinho em São Paulo; hoje existem perto de duas dezenas deles

sáb, 01/11/2003 - 16h02 | Do Portal do Governo

Dissertação de mestrado apresentada na Faculdade de Educação (FE) da USP mostra que os cursos pré-vestibulares alternativos, destinados principalmente a alunos de baixa renda vindos do ensino público, expandiram-se na cidade de São Paulo durante os anos 90. O estudo analisou a trajetória de 17 cursinhos que funcionaram na capital entre 1991 e 2000, e destaca a atuação dos cursos em movimentos que reivindicam a ampliação do acesso às universidades públicas.

Segundo o autor do estudo, o pedagogo João Galvão Bachetto, em 1990 existia apenas um cursinho alternativo em São Paulo, o Cursinho da Poli: ‘Ao longo da década de 90, houve uma grande expansão da matrícula de alunos no ensino médio, gerada pela eliminação da repetência no ensino fundamental. Este crescimento gerou maior procura pelo ensino superior, e os pré-vestibulares alternativos surgiram para atender a alunos que não teriam como pagar as mensalidades dos cursinhos comerciais’.

O estudo mostra que os cursinhos alternativos paulistanos têm duas origens principais. ‘De um lado temos iniciativas surgidas no Movimento Estudantil, que servem como opção de trabalho para os universitários, como o Cursinho da Poli. Os cursos também foram organizados por movimentos sociais, como o Núcleo de Consciência Negra (NCN), com o objetivo de criar igualdade de condições no vestibular para setores marginalizados da sociedade’, explica João Bachetto.

Inclusão Social

Os cursinhos alternativos utilizam diversas formas de seleção dos alunos, podendo usar e combinar critérios acadêmicos (aplicação de provas), econômicos (renda familiar) e sociais, como no NCN, onde 70% dos alunos selecionados são negros. A pesquisa constatou que as mensalidades variam conforme a organização dos cursos. Alguns dos pré-vestibulares têm professores voluntários, cobrando só uma taxa simbólica para permitir o acesso de alunos de baixa renda. Outros cursos ligados aos universitários remuneram os professores e produzem o próprio material didático, cobrando mensalidades entre R$ 70,00 e R$ 100,00.

A maioria dos cursinhos alternativos em São Paulo está localizada nas proximidades da USP, mas alguns projetos estabeleceram núcleos em bairros da periferia da cidade, como a Educafro, criada por frades franciscanos, que instalou salas de aula em igrejas e paróquias, chegando a manter 80 núcleos com 60 alunos cada um.

O pesquisador também destaca o envolvimento de igrejas, sindicatos e escolas públicas, que cedem espaços para os pré-vestibulares alternativos, e as aulas de cidadania dadas nos cursinhos. Alguns oferecem aulas de consciência negra, direitos humanos e prevenção da Aids, além de oficinas de artes.

Os cursinhos alternativos, segundo a pesquisa, desempenham um papel importante nos movimentos populares pela ampliação do acesso ao ensino superior, ao adotarem políticas de interferência no vestibular. ‘Cursinhos de todo o País têm entrado com ações na Justiça pedindo isenção das taxas do vestibular nas universidades públicas. Algumas já concedem esse benefício e o governo federal deixou de cobrar pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) depois de várias ações judiciais de pré-vestibulares alternativos’, diz o pedagogo.

A dissertação de mestrado pode ser encontrada neste endereço: www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-07082003-114804/


Serviço:

Alguns dos cursinhos alternativos:

  • Cursinho da PUC-SP – Telefone: (11) 3670-8340 – Rua Monte Alegre, 984 – Perdizes – São Paulo.
  • Cursinho XI de Agosto – Telefone: (11) 3107-6293 – Av. Brigadeiro Luiz Antônio, 277 – conjunto 57 – São Paulo.
  • Cursinho do Núcleo de Consciência Negra – Telefone: (11) 3091-4379 – Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, Trav. 04 – Bloco 3 – Cidade Universitária – São Paulo.
  • Cursinho da Poli – Grêmio Politécnico (Associação dos Alunos da Escola Politécnica da USP) – Telefone: (11) 3611-8552 – Av. Ermano Marchetti, 576 – São Paulo.
  • DCE da Unicamp –Telefone: (19) 3234-8224 – Rua 14 de Dezembro, 234 – Campinas. Site: www.aquarium.com.br/cursinhodce
  • Cursinho da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) – Telefone: (16) 260-8433 – Núcleo UFSCar-Escola, localizado na Área Sul do câmpus de São Carlos.
  • Cursinho do Crusp – Telefones: (11) 3091-3437 ou (11) 3091-3189 – Endereço: Bloco F – Sala 13 – Cidade Universitária – São Paulo.
  • Cursinho da FEA-USP – Telefone: (11) 3091-5896 – Endereço: Av. Prof. Luciano Gualberto, 908 – Cidade Universitária – São Paulo.
  • Cursinho da FEARP – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto – Telefone: (16) 602-3883 – Endereço: Av. dos Bandeirantes, 3.900 – Monte Alegre – Ribeirão Preto – SP.
  • Projeto Redigir (vinculado à ECA-USP) – Telefone: (11) 3091-4013 – Endereço: Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443 – Bloco C – Cidade Universitária – São Paulo.
  • Cursinho Pró-USP – Telefones: (11) 3258-1346 ou (11) 6621-5183 – Endereço: Rua 7 de Abril, 230 – 7º andar – Bloco B – São Paulo.
  • Cursinho Med Ensina – Faculdade de Medicina da USP – Telefone: (11) 3066-7410 – Endereço: Av. Dr. Arnaldo, 455 – Metrô Clínicas – São Paulo.
  • Cursinho Popular dos Estudantes da USP – Centro Acadêmico de Física – Telefones: (11) 3091-2307, 3091-7075 ou 3727-2078 – Endereço: Instituto de Física – Rua do Matão, s/no. – Cidade Universitária – São Paulo.
  • Curso Pré-Vestibular Psico – USP – Telefone: (11) 3031-1546 – Endereço: Av.: Professor Mello Moraes 1721 – Bloco B – sala 24 – Cidade Universitária.

    Regina Amábile – Da Agência Imprensa Oficial