USP: Pesquisa conjunta indica a melhor técnica para a reabilitação da fala

Cientistas brasileiros e americanos chegam a um consenso sobre o tratamento de fissura de lábio e palato

qui, 13/10/2005 - 18h41 | Do Portal do Governo

Cientistas brasileiros e americanos chegam a um consenso sobre o tratamento de pacientes portadores de fissura de lábio e palato

A divulgação da técnica que poderá mudar protocolos de atendimento para a reabilitação da fala de pessoas com fissura labiopalatal em todo o mundo foi feita em evento que reuniu cerca de 300 pesquisadores em Bauru. A conclusão baseou-se nos resultados de 11 anos de pesquisas, que se tornaram viáveis graças ao grande número de pacientes do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da USP, o Centrinho de Bauru, onde se desenvolveu o estudo clínico, em parceria com a Universidade da Flórida.

Com o patrocínio do governo norte-americano, o Projeto Flórida comparou os resultados obtidos nas duas técnicas cirúrgicas mais difundidas no mundo, conhecidas pelos nomes de seus descobridores, Furlow e Von Langenbeck. A tão esperada conclusão desse estudo foi anunciada pelo fonoaudiólogo William Williams, diretor do Centro Craniofacial da Universidade da Flórida: “A adoção do método de Furlow apresentou resultados significativos na fala das crianças operadas, já que alonga mais o palato”, informou.

Ambos os procedimentos obedecem ao mesmo padrão: fechamento anatômico e funcional do palato (céu da boca) e de reposicionamento da musculatura, para que o paciente obtenha condições de adquirir a capacidade da fala fluente. A diferença é que a de Leonard Furlow utiliza incisões em “z” no palato, o qual é alongado em maior extensão do que na técnica tradicional de Von Langenbeck. No Projeto Flórida foram utilizados os dois métodos no fechamento cirúrgico do palato, em crianças de 9 a 12 meses ou de 15 a 18 meses, conforme a necessidade da pesquisa, para avaliar qual delas seria a mais eficiente para assegurar o desenvolvimento normal da fala.

“Não trabalhamos com amostragens ou suposições, mas sim com estatística matemática exata”, explica a professora da Faculdade de Odontologia de Bauru, Maria Inês Pegoraro Krook, também pesquisadora do Centrinho e diretora do convênio com a Universidade da Flórida. Pesquisa tão complexa exigiu grande empenho de equipe multidisciplinar de pediatras, cirurgiões plásticos, fonoaudiólogas, psicóloga, assistentes sociais e otorrinolaringologistas, que analisaram mais de 500 pacientes a cada seis meses.

Marco histórico – Nos próximos meses, artigos em revistas especializadas internacionais e conferências em instituições deverão trazer informações detalhadas sobre o método de Furlow e suas vantagens no desenvolvimento da fala após cirurgia primária em crianças com fissura labiopalatal – todos os trabalhos são assinados em conjunto por pesquisadores brasileiros e norte-americanos.

João Pedro Feza e Elaine de Sousa
Da Assessoria de Imprensa do Centrinho