Em Ribeirão Preto, estudo que analisou amostras de sangue de 188 crianças saudáveis em idade pré-escolar (2 a 6 anos), atendidas num posto de saúde, revelou que 74% delas apresentavam deficiência nos níveis de vitamina A.
O pesquisador Ivan Savioli Ferraz, docente da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, investigou a ocorrência desse tipo de hipovitaminose após ouvir alguns relatos de que crianças no Estado de São Paulo estariam apresentando baixos níveis de vitamina A no organismo.
Segundo Ferraz, nenhum dos casos observados revelou-se grave. Grandes carências de vitamina A no corpo humano podem causar xeroftalmia, cegueira e até mesmo levar a pessoa à morte. ‘No entanto, o que encontramos entre as crianças de Ribeirão Preto foi uma deficiência leve, mas que não deixa de exigir atenção.’
‘Quando são freqüentes numa comunidade’, continua o pesquisador, ‘carências leves de vitamina A provocam um aumento na ocorrência de diarréias e doenças respiratórias, tais como a gripe’. De acordo com Ferraz, isso acontece porque a vitamina A tem grande importância no sistema imunológico humano e sua falta provoca queda na resistência do organismo.
Método diferenciado
A concentração de vitamina A no sangue diminui sempre quando a pessoa passa por algum tipo de infecção, diarréia ou febre. Para evitar que esses problemas mascarassem os resultados da pesquisa, Ferraz coletou o sangue das crianças em dois momentos.
‘Após a primeira coleta, a criança recebia uma dose de 60 mg de vitamina A e era chamada a comparecer ao posto de saúde em até 45 dias para nova coleta. A comparação entre as duas dosagens nos diria se a criança era portadora ou não de deficiência de vitamina A’, esclarece o docente.
Os fatores que mais influenciam nos baixos níveis de vitamina A no organismo são infecções e, principalmente, a baixa ingestão de alimentos ricos nesta substância, como o fígado e o leite enriquecido. Para evitar que a carência de vitamina A torne-se um problema cada vez mais freqüente, Ferraz diz que as autoridades devem apelar para a conscientização: ‘Devemos informar a população e também os médicos de que a carência de vitamina A é uma realidade que não está restrita somente a regiões historicamente pobres, como o Nordeste’, explica.
‘Mesmo ocorrendo em níveis subclínicos – isto é, leves – este problema demanda atenção por estar atingindo uma grande porcentagem de crianças e por aumentar a predisposição do organismo a doenças infecciosas e, conseqüentemente, à mortalidade.’
Tadeu Breda – Agência USP