USP: Pavimento com asfalto-borracha aumenta segurança do tráfego de veículos

É o que revela pesquisa do Escola de Engenharia de São Carlos

ter, 13/09/2005 - 10h03 | Do Portal do Governo

Em dias chuvosos, a falta de atrito entre os pneus e o pavimento asfáltico pode fazer com que os veículos comecem a aquaplanar e percam a direção. Para criar um pavimento mais resistente e seguro, pesquisadores da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP usaram uma estrutura de pedra britada com granulometria descontínua e asfalto misturado com borracha de pneus.

O professor da EESC, José Leomar Fernandes Júnior, que coordenou o estudo, explica que os pavimentos asfálticos são produzidos com agregados de pedra britada e ligante asfáltico. ‘Normalmente, são utilizados agregados com granulometria contínua, em que o equilíbrio entre partículas grossas, médias e finas visa criar uma mistura mais densa e resistente’, relata. ‘Suprimindo-se algumas frações intermediárias, obtem-se um pavimento menos liso, que evita o acúmulo de água em dias de chuva.’

Para compensar a eventual redução na resistência com a menor densidade utiliza-se, geralmente, ligante modificado por polímero. ‘Normalmente é feita a adição de 3% a 6% de polímeros no asfalto, mas este processo encarece o preço do pavimento’, afirma Fernandes. ‘Na pesquisa foi usado até 20% de borracha de pneus no ligante para obter uma mistura com maior rigidez e mais resistente ao acúmulo de deformação permanente, mas flexível o bastante para não apresentar trincas precoces.’

Testes

A mistura asfáltica estudada, conhecida como SMA (Matriz de Agregados Pétreos), é testada há um ano e meio em trechos das rodovias SP-127 (Rodovia Antonio Romano Schincariol) e SP-330 (Via Anhanguera), no interior de São Paulo, e em áreas urbanas e rodovias na Bahia. ‘As experiências laboratoriais e de campo mostram que o SMA é mais vantajoso que os pavimentos convencionais’, diz o professor.

Fernandes aponta que o grupo de pesquisa da EESC estuda o uso de borracha de pneus em misturas asfálticas desde 1994, ‘O trabalho é pioneiro no Brasil’, destaca. ‘Os estudos aperfeiçoam processos de incorporação de borracha de pneus usados tanto em grãos finos (processo úmido), que agrega mais qualidade ao pavimento, como de material com granulação mais grossa (processo seco), que exige menos investimentos iniciais’, relata.

O professor alerta que o reaproveitamento da borracha em pavimentação asfáltica reduz problemas ambientais decorrentes do descarte dos pneus, mas precisa ser controlado para evitar outros danos ao meio ambiente. ‘A incorporação da borracha ao asfalto é feita a temperaturas elevadas, podendo gerar emissões tóxicas, que exigem controle rigoroso.’

Júlio Bernardes, da Agência USP