USP: Números mostram contrastes e desigualdades de Minas

Estudo mostra as diferenças de renda domiciliar per capita entre a população do Estado

qui, 16/09/2004 - 21h02 | Do Portal do Governo

Os programas governamentais que integram o rendimento do trabalhador têm contribuído para diminuir a desigualdade em Minas Gerais. O estado, marcado por contrastes regionais e diferenças de rendimentos entre a população, foi objeto de uma pesquisa desenvolvida no Departamento de Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP de Piracicaba. O estudo quantitativo mostra em números um perfil da distribuição de renda no estado.

Com base nos resultados do censo de 2000, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a economista Rosycler Cristina Santos Simão dividiu o estado em 12 mesorregiões verificando a desigualdade da renda domiciliar per capita, que analisa o nível de bem estar da população e a desigualdade do rendimento, analisando o mercado de trabalho. ‘No Vale do Mucuri é onde encontramos os piores índices de desigualdade da renda domiciliar, enquanto a região Oeste de Minas concentra os melhores’, conta a pesquisadora.

Em 2000, de acordo com os números do censo, o Estado de Minas tinha uma população de cerca de 17 milhões de habitantes. Destes, aproximadamente 32% estavam concentrados na região Metropolitana de Belo Horizonte. ‘Esta região concentra grande número de pessoas, ricas e pobres, e setores diversos da indústria do Estado’, explica Rosycler. Segundo os números do IBGE, a região onde há menor população é a Noroeste, onde foram registrados cerca de 1,87% da população.

Formação da renda familiar

Rosycler definiu em seu estudo sete itens que compõem a renda domiciliar, considerando como primeiro o ‘rendimento do trabalho principal’, que é seguido de demais trabalhos; aposentadorias e pensões; aluguéis; pensões alimentícias, mesadas e doações; renda mínima, bolsa escola e seguro desemprego; e outros rendimentos. ‘Ao selecionarmos estes itens pudemos perceber que os programas governamentais de renda às famílias estão auxiliando no combate à desigualdade’, analisa a economista.

Em termos de valores, a Região Metropolitana de Belo Horizonte concentra as maiores quantidade média em renda domiciliar per capita, com cerca de R$ 351,00. No Noroeste de MG, a renda média chega a R$ 212,00, enquanto no Vale do Jequitinhonha o valor não ultrapassa os R$ 112,00.

‘A região da metrópole da Capital concentra também a maioria da população que é beneficiada pelos programas de renda governamentais, com 32%. Neste caso específico, o Norte de Minas tem apenas 7%, enquanto o Vale do Jequitinhonha registrou apenas 17% da população com acesso a esse rendimento’, conta a pesquisadora. Segundo ela, existe ainda em todo o Estado grandes espaços para que este benefício seja estendido a mais famílias.

Rosycler acredita que sua pesquisa poderá auxiliar a administradores do Estado a melhor planejarem as ações de distribuição de renda, mercado de trabalho e desenvolvimento. ‘Temos uma área 588 quilômetros quadrados com muitas desigualdades’, diz.

Enquanto a Região Metropolitana de Belo Horizonte concentra boa parte das indústrias do Estado, o Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, que tem grande influência do Estado de São Paulo, tem sua economia baseada na agropecuária, com grandes projetos agroindústrias. Já o Vale do Jequitinhonha, o Vale do Mucuri e a região Noroeste sobrevivem, basicamente, da bovinocultura de corte e da agricultura de subsistência.

Antonio Carlos Quinto – Agência USP