USP: Núcleo de Estudos da Violência lança relatório sobre violência por armas de fogo

Estudo compreende um período de dez anos, de 1991 a 2000, e abrange todo o território nacional

seg, 08/11/2004 - 15h24 | Do Portal do Governo

Da Agência USP


O Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP acaba de lançar em Genebra, na Suíça, o relatório ‘Violência por Armas de Fogo no Brasil’. O estudo compreende um período de dez anos, de 1991 a 2000, e abrange todo o território nacional, e mostra o forte impacto que as armas de fogo tiveram na mortalidade do País na década de 1990. O lançamento aconteceu nesta segunda-feira, dia 8.

Os dados apontam para a gravidade do problema no Brasil, assim como para a necessidade de medidas amplas e integradas para enfrentá-lo, tendo como alvo a população mais vulnerável: jovens moradores dos grandes centros urbanos.

Foram analisadas a distribuição e a evolução da mortalidade por armas de fogo nas cinco regiões, assim como nos Estados e capitais. O estudo teve como base os dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde.

O relatório mostra que existe uma tendência de crescimento das taxas de mortalidade por armas de fogo no Brasil em quatro regiões (com exceção da região Norte), em 19 estados e no Distrito Federal, e em 19 capitais. Já no final da década de 1990, as armas de fogo superaram os acidentes de trânsito como causa de morte, ocupando a primeira posição entre as chamadas causas externas.

Na década de 1990, foram responsáveis por 265.975 mortes, 24% de todas as mortes por causas externas (não naturais). Desse total, 82% foram homicídios, cerca de 5% foram de suicídios e 2% de mortes acidentais; 11% das mortes por armas de fogo não tiveram a intencionalidade determinada e apenas 0,1% foi atribuída à intervenção legal.

Homens jovens das capitais

É importante destacar que a mortalidade por armas de fogo está crescendo em todas as faixas etárias e em grupos de gênero. A maior parte dos casos – assim como as taxas mais elevadas – concentra-se nas capitais, em especial na população jovem do sexo masculino, na faixa etária entre 15 e 19 anos. Esses apresentam uma chance 13 vezes maior do que uma mulher na mesma faixa etária de morrer em decorrência de lesão por armas de fogo. Na faixa etária de 20 a 29 anos, essa chance sobe para 20 vezes.

O relatório aponta falhas nas bases de dados existentes, as quais dificultam a pesquisa e o diagnóstico para fins de planejamento. O investimento na melhoria dessas bases de dados e a construção de novas bases integradas constituem-se em um grande e importante desafio para que medidas efetivas sejam tomadas.

O projeto foi coordenado por Maria Fernanda Tourinho Peres, pesquisadora do NEV-USP, e teve apoio técnico da Organização Mundial de Saúde, do escritório regional da Organização Pan-Americana de Saúde no Brasil e do Small Arms Survey. O Ministério da Saúde, por meio da coordenação de Prevenção a Acidentes e Violências, também contribuirá para ampla divulgação dos resultados no Brasil.

Mais informações: (0xx11) 3091-4965, com Lilian Ronchi. A pesquisadora Maria Fernanda Tourinho Peres estará no NEV atendendo a entrevistas a partir das 13h30 desta segunda-feira (8).

Fonte: Assessoria de Imprensa do Núcleo de Estudos da Violência/USP

(LRK)