USP: Novo método reduz prejuízos causados por pragas no pomar

Perdas dos agricultores chegam a US$ 50 milhões

sex, 07/05/2004 - 10h19 | Do Portal do Governo

Do Portal da USP
Por André Benevides

Com uma técnica simples, pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP de Piracicaba, desenvolveram um método que pode reduzir significativamente os prejuízos causados pela praga do bicho-furão-dos-citros, que chegam a até US$ 50 milhões anuais. Trata-se de uma armadilha chamada Ferocitrus Furão, que permite ao agricultor monitorar a presença do inseto no pomar antes que ela cause algum dano.

Segundo José Maurício Simões Bento, um dos coordenadores do estudo, ‘antes do desenvolvimento da armadilha, o produtor precisava esperar que uma determinada porcentagem dos frutos fosse atacada para iniciar o controle, o que causa perdas. Com este método, ele sabe exatamente quando a praga entra no pomar e qual o momento certo de aplicar o agrotóxico’.

O novo sistema, além de evitar estas perdas, impede que aconteça uma reinfestação, pois os insetos são exterminados antes que ponham os ovos. No método antigo, as lagartas que se encontravam dentro do fruto não eram atingidas pela ação do veneno, desenvolviam-se até a fase adulta (a da mariposa) e colocavam ovos no pomar, iniciando um novo ciclo de infestação.

Segundo Bento, uma planta pode produzir, em média, mil frutos, ou quatro caixas. Nas áreas mais críticas atingidas pela praga, a perda pode chegar a duas caixas. ‘Com a utilização da armadilha, a perda cai a praticamente zero. Não passa de uma laranja por pé’.

Além de evitar a perda de produção, o método ainda reduz os gastos do produtor com o inseticida. Isso porque ele aplicará o veneno somente na área afetada e apenas quando for realmente necessário, e não mais preventivamente em toda a área produtiva, causando um impacto ecológico menor. ‘A armadilha reduz o volume do uso de inseticida na propriedade em 50% e aumenta a eficiência do uso do agrotóxico’, explica o pesquisador.

Aprimoramentos

A armadilha consiste em uma estrutura de papelão com a superfície interna adesiva (para a captura do bicho-furão) e uma pastilha contendo o feromônio do inseto (para atraí-lo), sendo que cada uma cobre uma área de 10 hectares, abrangendo entre 3 e 3,5 mil pés de laranja. Após a colocação da armadilha, o produtor precisa apenas verificá-la semanalmente e trocá-la a cada 30 dias. Caso haja seis ou mais bichos-furão grudados na cola numa única semana, significa que é hora de se iniciar o controle da praga, usando os inseticidas necessários.

Mais informações podem ser obtidas no site www.usp.br/agen/
V.C.