USP: Mudança de genes do eucalipto permitirá aumento da produção de papel

Estudo vem sendo feito pela Esalq em Piracicaba

qui, 25/09/2003 - 9h50 | Do Portal do Governo

Da Agência de Notícias da USP
Por Júlio Bernardes

Pesquisadores Laboratório de Genética Fisiológica, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP em Piracicaba, pretendem aumentar a produção de papel e melhorar sua qualidade por intermédio de mudanças nos genes do eucalipto. O objetivo é aumentar o teor de celulose (matéria-prima do papel) e reduzir a biossíntese da lignina, substância componente da parede celular dos vegetais e que deve ser eliminada no processo de industrialização para a produção de papel.

O professor da Esalq Carlos Alberto Labate, que coordena a pesquisa, explica que os genes responsáveis pela biossíntese de celulose e lignina estão sendo clonados em laboratório. ‘A quantidade de celulose poderá ser aumentada por meio da transformação genética do eucalipto, sob o controle de promotores específicos, que só expressem o gene modificado no caule da árvore, por exemplo’, relata.

Os estudos da Esalq também envolverão os genes responsáveis pela produção da lignina, composto fenólico que faz a adesão das microfibrilas de celulose, criando o sistema de vasos no eucalipto. ‘Na produção de papel, é necessário amolecer os ‘cavacos’ (pedaços de madeira de eucalipto) para se obter uma pasta de celulose’, relata o professor. A pasta obtida é amarelada devido a presença de lignina, o que leva a celulose a ser branqueada com a ajuda de produtos químicos, encarecendo o custo de produção. ‘Com o aumento da solubilidade da lignina, o processo de branqueamento poderia ser eliminado’, observa Labate.

Experiências

De acordo com Labate, após os genes serem moficados em laboratório, eles serão reintroduzidos nas plantas pela da bactéria Agrobacteruim tumefaciensis, que infecta o tecido vegetal. ‘Além do eucalipto, outros genes estão sendo clonados, como por exemplo os da batata, ervilha e soja’, aponta. Antes das experiências com o eucalipto, os pesquisadores da Esalq testarão a introdução dos genes modificados em outra espécie vegetal, a Arabdopsis thaliana, originária da América do Norte.

Carlos Alberto Labate explica que a Arabdopsis thaliana é muito usada em experimentos genéticos e possui um sistema vascular semelhante ao do eucalipto, com a vantagem de crescer com mais rapidez, facilitando as pesquisas. ‘A técnica será aplicada no eucalipto depois de ser aprimorada na planta-modelo, o que deve levar de três a quatro anos’, calcula.

Os estudos do Laboratório de Genética Fisiológica da Esalq contam com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) atráves do Programa de Inovação Tecnológica, do Instituto Uniemp e da Cia. Suzano de Papel e Celulose. De acordo com o professor, os estudos com o eucalipto envolverão cerca de quinze pesquisadores da Esalq, além do pessoal da área de pesquisa da Cia. Suzano.

Mais informações podem ser obtidas no site www.usp.br/agen/
V.C.