USP: Mnemotécnica estimula memória e reforça aprendizado em espaços virtuais

Método pode ser usado em espaços físicos, como salas de exposição, e em ambientes criados por computador

seg, 25/10/2004 - 19h01 | Do Portal do Governo

A construção de ambientes virtuais não depende só de tecnologias informatizadas e de difícil manutenção, mas também da mnemotécnica, conjunto de aplicações que ampliam o potencial destes espaços de estimular a memorização de conteúdos. Pesquisas da professora Anja Pratschke, do Núcleo de Estudos sobre Habitação e Modos de Vida (Nomads) da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP mostram que a mnemotécnica pode ser usada em salas de exposição, no ensino, produção de CD-Roms e em comunidades on-line.

A professora, que estuda a arquitetura de ambientes virtuais, explica que a mnemotécnica era usada para estruturar o aprendizado desde a Antiguidade: ‘Imagine uma casa com vários cômodos onde são colocados objetos relacionados com as atividades realizadas no local’, aponta. ‘A estrutura desta casa permite ao visitante percorrer mentalmente os cômodos e descobrir caminhos, memorizando os conteúdos ali colocados.’

Segundo a professora, a mnemotécnica pode ser aplicada tanto em espaços físicos, como salas de exposição, mas também em ambientes criados por computador. ‘Ao invés de sensores e aparelhos sofisticados para simular a realidade, o usuário é colocado diante de espaços diferenciados, com interfaces que reforcem a memorização’, diz. ‘A criação de um espaço mental estimula uma aprendizagem individualizada e participativa.’

Comunidade On-Line
A mnemotécnica será usada para criar uma interface colaborativa em uma comunidade on-line no Conjunto Habitacional Cidade Tiradentes, Zona Leste de São Paulo. ‘Em 220 apartamentos serão instalados aparelhos (Set-Top Box) que darão acesso a internet através da televisão’, explica a professora. ‘A idéia é oferecer um ambiente virtual que permita aos moradores ter voz, criar conteúdos e interagir com outros usuários da rede, podendo até reorganizar a própria comunidade.’

A criação da comunidade, financiada como projeto de políticas públicas pela Fapesp, será coordenada pelo professor da EESC Marcelo Tramontano, e envolve mais três grupos de pesquisa coordenados pelos professores Marcelo Zuffo, da Escola Politécnica (Poli), Sheila Ornstein, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) e Maria Graça Pimentel, do Instituto de Ciências Matemáticas e da Computação (ICMC) de São Carlos.

O projeto de políticas públicas Memória Virtual, coordenado pelo professor José Carlos Maldonado, do ICMC, também utilizará mnemotécnica. ‘O objetivo é criar um banco de dados universal que registre e organize o patrimônio histórico e cultural da região de São Carlos’, relata Anja. ‘Para permitir o acesso aos dados será criada uma interface mnemônica, uma espécie de mapa virtual que permita aos usuários percorrer o conteúdo e fazer buscas mais eficientes, reforçando assim a capacidade de memorização.’

No dia 30 de outubro, às 10h30, no Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP, Anja Pratschke irá proferir a palestra Estruturar o não-estruturável: o uso da mnemotécnica na construção de ambientes virtuais. A apresentação faz parte do Acta Media III – Simpósio Internacional de Artemídia e Cultura Digital, que começou em 18 de setembro e prosseguirá até 11 de dezembro. O MAC está localizado na Rua da Reitoria 160, Cidade Universitária, e as discussões do simpósio podem ser acompanhadas no site http://teleduc.nied.unicamp.br/teleduc/.

Da Agência USP

M.J.