USP: Métodos que utiliza carvão ativado em pó remove microcistinas

Apesar de eficiente, o método ainda é caro devido ao uso da substância

qua, 17/11/2004 - 18h41 | Do Portal do Governo

Um método para remoção de microcistinas – toxina letal para seres humanos e animais, produzida por algumas espécies de algas – foi testado com sucesso em laboratório na Engenharia da USP de São Carlos (EESC). O experimento, que utilizou o método ELISA (Enzyme-Linked ImmunoSorbent Assay) de análise, foi realizado no Departamento de Hidráulica e Saneamento, da Escola, na dissertação de mestrado apresentada pela engenheira Luciana Pallone Hespanholo Ferreira, sob orientação do professor Marco Antonio Penalva Reali.

Utilizando as mesmas etapas aplicadas em tratamentos convencionais de água – coagulação, sedimentação e filtração -, Luciana acrescentou a adsorção com carvão ativado em pó. ‘Somente o carvão conseguiu remover a microcistina’, conta.

A engenheira analisou amostras do reservatório de Barra Bonita, no interior de São Paulo, abastecido pelo rio Tietê. ‘Aquelas águas possuem diversas espécies de algas, inclusive as que produzem a microcistina. Porém, vale lembrar que a toxina não ocorre em todos os períodos do ano’, explica a pesquisadora. De acordo com a legislação, a concentração de microcistina permitida é de 1 micrograma por litro de água.

Em todas as etapas de tratamento, as amostras foram submetidas ao método ELISA para medir a quantidade de toxinas, quando verificou-se que apenas na adsorção elas foram totalmente removidas. ‘Mesmo sendo eficiente, trata-se de um método caro, devido ao uso do carvão ativado em pó’, avalia Luciana. As algas, segundo a pesquisadora, foram removidas nas etapas de sedimentação, filtração e também na adsorção. A presença das algas foi analisada por contagem em microscópio eletrônico.

Escala piloto

‘O reservatório de Barra Bonita possui uma área alagada de cerca de 324 mil quilômetros quadrados, com profundidade de média de 10 metros’, informa Luciana. Para seu trabalho em escala piloto, a pesquisadora utilizou apenas 12 litros de água distribuídos em amostras. ‘A microcistina se encontra no interior das algas e por isso elas não podem ser rompidas durante as análises’, explica.

As análises das amostras foram realizadas em duas etapas. Na primeira delas, a pesquisadora seguiu as formas tradicionais, adicionando o processo de adsorção num segundo momento. A dissertação de mestrado de Luciana foi apresentada na EESC em setembro deste ano. ‘Trata-se de um trabalho pioneiro no Departamento de Hidráulica e Saneamento da Escola’, diz. A expectativa da pesquisadora é que seu trabalho venha a servir de base para muitas outras pesquisas que venham a ser desenvolvidas na unidade.

Antônio Carlos Quinto, Da Agência USP

M.J.