USP: Método detecta vazamentos de combustíveis com mais rapidez

Metodologia, além de economicamente viável, fornece informações mais próximas da situação

qua, 19/05/2004 - 19h40 | Do Portal do Governo

Os perigos de contaminação por vazamentos em postos de combustíveis poderão agora ser detectados com maior rapidez e segurança. Um estudo desenvolvido no Instituto de Geociências (IGc) da USP aplicou critérios numéricos na utilização de radar de penetração de solo e obteve resultados eficientes na detecção da contaminação de águas subterrâneas por combustíveis. O procedimento resulta em mapas com informações mais abrangentes da área contaminada.

Enquanto a forma convencional de detecção de contaminação demanda tempo e resultados apenas pontuais, a nova metodologia, além de economicamente viável, fornece informações mais próximas da situação.

‘O método direto, convencional, demanda a coleta de amostras do solo e da água subterrânea em alguns pontos da área e o envio a laboratórios para análises’, explica a geofísica Jamile Dehaini, que defendeu sua tese de doutorado Detecção da pluma de contaminação de hidrocarbonetos em superfície por método de radar de penetração, no IGC.

A análise das informações por critérios numéricos pode fornecer resultados em apenas duas semanas. ‘Porém, a metodologia não exclui a necessidade dos procedimentos convencionais’, avisa a pesquisadora. ‘A rapidez além de tudo é uma questão de segurança. Nos grandes centros, os postos de combustíveis estão localizados em áreas urbanizadas. Em caso de vazamentos, os riscos são ainda maiores’, explica Jamile.

Perigo constante

O método foi testado com sucesso em um posto de combustível de São Paulo. A empresa, localizada num bairro da Capital, teria sido objeto de várias denúncias de vazamentos, principalmente pelos vizinhos. Além da coleta de amostra por poços de monitoramento, foi possível o uso do radar de penetração. ‘A área seria questionável para utilizar o radar por tratar-se de um solo argiloso e de difícil penetração dos sinais’, conta Jamile.

Segundo a pesquisadora, o perigo vai além. ‘Os vazamentos podem se tornar uma grande ameaça, pois há riscos de explosões e incêndios, principalmente quando existem nas proximidades galerias as quais podem ser saturadas pelo vapor do combustível. Uma pessoa desavisada que acenda um cigarro poderá provocar um grave acidente’, explica.

No posto de combustível em questão, Jamile aplicou o método e constatou que a situação de contaminação ocorria além do que foi indicado pelos procedimentos convencionais. ‘Em poucos dias mapeamos toda a área, com medidas a cada 20 centímetros, e produzimos um mapa detalhado da situação’, conta.

Os sinais captados pelo radar são armazenados num notebook acoplado ao equipamento e transformados em gráficos. ‘Com os dados obtidos, nos foi possível estabelecer as relações entre eles e gerarmos números tornando mais precisa a metodologia para então produzir os mapas’, explica a pesquisadora.

Segundo Jamile, a técnica também pode ser usada em outros tipos de pesquisas, como arqueológicas, em construção civil, etc. ‘O importante é salientar que esta metodologia não exclui a convencional. Ela pode ser validada pelos resultados obtidos por meio de métodos convencionais de maneira otimizada’, afirma.

Antônio Carlos Quinto – Agência USP