USP: Mapa indica os melhores locais para a prospecção de água na região de Lindóia

Região possui várias estâncias hidrominerais e empresas mineradoras

qua, 12/05/2004 - 20h41 | Do Portal do Governo

Um mapa com as melhores áreas para a prospecção de água subterrânea na região que abrange as cidades de Serra Negra, Águas de Lindóia, Lindóia, Socorro, Itapira e Mogi Guaçu, no interior de São Paulo, é o resultado da pesquisa de doutorado da geóloga Vanessa Madrucci. O mapa indica as áreas de favorabilidade para a ocorrência de água subterrânea numa escala de 0 (não favorável) a 10 (excelente) e poderá ser usado para se saber os locais onde a perfuração deverá ser feita.

A região possui várias estâncias hidrominerais e empresas mineradoras, e foi escolhida para análise pela grande quantidade de dados disponíveis. Segundo Vanessa, os locais de perfuração são escolhidos, na maioria das vezes, aleatoriamente, tanto por pequenos sitiantes como pelas mineradoras. ‘São poucas as que contratam serviços de geofísica para saberem onde a perfuração deve ocorrer para o poço ser produtivo’, conta. ‘Além disso, as empresas perfuradoras cobram por metro perfurado e não se responsabilizam caso não encontrem água.’

A pesquisadora explica que o local está situado sobre rochas fraturadas. Esse tipo de rocha ocupa um terço do País, principalmente a costa Leste de São Paulo e do Rio de Janeiro. ‘O problema de se encontrar água subterrânea neste meio, é que a água fica armazenada em fraturas (abertas), muitas vezes interconectadas. Se o poço não for perfurado nestas áreas fraturadas, certamente não será produtivo’, conta Vanessa, cuja pesquisa de doutorado será apresentada no segundo semestre ao Instituto de Geociências da USP. A orientação é do professor Fábio Taioli, do Departamento de Geologia Sedimentar e Ambiental.

Metodologia

Para chegar ao resultado final de sua pesquisa, Vanessa utilizou dados geológicos e geomorfológicos da região, entre outras informações. Também gerou mapas de lineamentos estruturais (que correspondem a feições lineares de relevo e drenagem), de densidade de lineamentos e de morfoestruturas, todos fotointerpretados por meio de imagens de satélite. Também analisou dados aerogeofisicos, mapas de drenagem e fotografias aéreas. Todo esse material foi comparado com a produtividade de poços e fontes locais conseguidos junto a empresas, órgãos oficiais e à população.

A idéia era estabelecer os parâmetros que influenciavam na produtividade dos poços. ‘Percebemos que os mais produtivos estavam situados a até 200 metros dos lineamentos e que as melhores fraturas estavam na direção Nordeste (NE) e Norte-Sul (N-S)’, conta a pesquisadora.

Todas as informações coletadas foram inseridas em um Sistema de Informação Geográfica. Foram dados pesos em ordem de importância para os diversos parâmetros e utilizando-se técnicas de geoprocessamento gerou-se o mapa de favorabilidade.

Comprovação dos dados

Para comprovar a exatidão desse mapa, Vanessa utilizou novos dados de produtividade de poços que não haviam sido utilizados na etapa de avaliação dos parâmetros prospectivos. ‘Essa comparação mostrou que houve coincidência entre a informação do mapa e a produtividade dos poços.’

Além disso a pesquisadora analisou em detalhe duas áreas produtivas em Lindóia e Serra Negra que, segundo o mapa, indicavam excelente favorabilidade para prospecção. Foram realizados levantamentos geofisicos de eletrorresistividade que comprovaram que fraturamentos de direções Nordeste e Norte Sul são os mais favoráveis para acumulação de água subterrânea. ‘Isso indica que o mapa é um recurso seguro para a prospecção de água na região.’

Mais informações: (11) 9677-1162 ou e-mail madrucci@usp.br, com a pesquisadora Vanessa Madrucci

Valéria Dias – Agência USP