USP: Liderança é importante ferramenta para professores de educação física

Diálogo e apoio são elementos tão importantes quanto o treinamento para o sucesso de uma equipe

ter, 13/05/2003 - 20h36 | Do Portal do Governo

Para verificar como um professor de educação física obtém sucesso no treinamento dos seus alunos, a pesquisadora Rosa Helena Cahali Martin analisou a opinião 87 estudantes sobre o comportamento de liderança de sete professores que venceram a etapa da Capital do campeonato escolar estadual nas modalidades vôlei, basquete, futebol e handebol.

O estudo, apresentado à Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP, apontou que, muitas vezes, o diálogo com os alunos chega a ser tão importante quanto um exercício físico na hora do treinamento. Com base em questionários, Rosa Helena procurou saber como era o relacionamento entre aluno e professor no ensino dos fundamentos do esporte e também ‘extra quadra’, como por exemplo, no diálogo na hora de planejar os treinos.

‘Percebemos na pesquisa a relevância dos aspectos culturais. Por exemplo, professores que atuam como treinadores em nossas escolas e possuem o comportamento voltado ao diálogo têm um desempenho melhor do que os ‘não-democráticos’, explica a pesquisadora. Segundo ela, estudos realizados no Japão apontam dados diferentes, mostrando que geralmente o professor deve se adaptar à cultura do país.

Três elementos

A pesquisa apontou que o sucesso dos professores está baseado principalmente em três elementos: treinamento/instrução, suporte social e reforço. Como treinamento/instrução, Rosa define o modo como são passados aos alunos os fundamentos e táticas do esporte praticado. Neste elemento, verificou que a didática dos professores é semelhante – diferenciando-se somente em relação ao gênero do grupo.

O suporte social definido por Rosa inclui a atenção dada aos alunos em aspectos não esportivos, como por exemplo, o bem estar social dos comandados. ‘A questão foi importante principalmente nas equipes masculinas’, aponta a pesquisadora, citando que ‘alguns professores também trabalhavam para evitar que o aluno se tornasse ‘mascarado’, e assim perdesse a concentração nos treinamentos’.

Para Rosa, a prática deste suporte social é possível principalmente pelo fato de o professor de educação f ísica ser diferenciado dos demais: ‘eles têm contato mais direto com o aluno no momento do esporte e uma visão diferente dos demais educadores em relação aos estudantes. Portanto, fica mais fácil desenvolver uma ‘amizade’, favorecendo a motivação do aluno para as atividades’.

A motivação aos alunos é o que a pesquisa define como reforço positivo. ‘Muitas vezes, o estudante precisa ouvir do professor um ‘é isso aí’, ‘tá bom’, ‘tá certo’, para ganhar mais confiança e praticar melhor o esporte’, comenta Rosa. Na dissertação, foi verificado que esse elemento é primordial para o sucesso das equipes, principalmente no caso do grupo feminino.

Mas, um dos dados mais importantes verificados faz referência à dedicação dos professores de educação f ísica ao esporte. ‘Na maioria dos casos, a escola não dá uma boa estrutura para a prática esportiva. Muitas montam equipes de basquete sem ao menos terem quadras com tabelas para a prática dessa modalidade. Assim, podemos perceber que quase sempre as conquistas partem, acima de tudo, da iniciativa do próprio professor e do seu comportamento de liderança diante dos alunos’, conclui Rosa.

Agência USP