USP: Larvas de microvespa destroem folhas de eucalipto usadas na produção de óleo

Em dois anos, praga se espalhou de Minas Gerais até o Rio Grande do Sul.

qui, 07/04/2005 - 13h04 | Do Portal do Governo

Pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP em Piracicaba estudam formas de conter a proliferação da microvespa Epichrysocaris, cujas larvas atacam as folhas do eucalipto citriodora, usadas para produzir óleo. Identificada pela primeira vez no Brasil em 2003, no norte de Minas Gerais, a praga já se encontra no Rio Grande do Sul. A perda na produção de óleo pode chegar a 40%.

‘A Epichrysocaris é uma microvespa com cerca de 1 milímetro de comprimento, originária da Austrália’, relata o professor da Esalq, Evoneo Berti Filho, que coordena a pesquisa. ‘A fêmea põe ovos na epiderme das folhas do eucalipto citriodora, induzindo a formação de pequenas bolhas chamadas de galhas’, explica

De acordo com o professor, a folha pode abrigar de 40 a 50 galhas, com uma larva se desenvolvendo em cada uma delas. Os pesquisadores estudam as características biológicas do inseto buscando desenvolver formas de controlar sua proliferação. ‘Não se sabe como a Epichrysocaris chegou ao Brasil’, afirma Berti Filho. ‘Para o controle, será pesquisada a correção dos solos em que se encontram os eucaliptos e a clonagem de variedades mais resistentes à praga.’

Controle

A aplicação de inseticidas seria inviável para controlar o inseto. ‘Além dos gastos elevados com aplicação aérea nas florestas de eucalipto, o produto poderia afetar o equilíbrio das áreas onde a árvore é cultivada’, diz.

Berti Filho também aponta dificuldades para implantar o controle biológico. ‘Seria preciso usar bactérias ou fungos, que necessitam de umidade para se desenvolver, mas certas regiões do Brasil, como o norte de Minas, enfrentam longos períodos de estiagem que inviabilizam esse tipo de controle.’

A melhor forma de conter a praga, ressalta o pesquisador, seria dar ao próprio eucalipto as condições de resistir à formação das galhas induzidas pela oviposição (postura de ovos). ‘A correção dos solos com adubação pode melhorar o estado nutricional da planta e fortalecê-la’, acredita. ‘Identificando variedades mais resistentes do citriodora, seria possível cloná-las para utilização em futuros cultivos de eucalipto.’

O professor relata que a Epichrysocaris foi introduzida acidentalmente nos Estados Unidos em 1999, mas naquele país o inseto é pouco pesquisado, pois não há exploração comercial do eucalipto em grande escala. ‘No Brasil, entretanto, a árvore é a base da indústria madeireira, sendo usada em reflorestamento e na produção de celulose, papel e óleo’.

Júlio Bernardes, Da Agência USP

M.J.