Da Agência Imprensa Oficial
A caverna digital da USP é uma sala cúbica de nove metros quadrados por três de altura que comporta até seis pessoas, onde paredes e chão são telas capazes de projetar qualquer imagem em três dimensões. Isso permite chegar ao interior dos objetos, senti-los e tocá-los para estudar seu funcionamento em detalhes. A tecnologia disponível no laboratório oferece ampla aplicação em projetos de engenharia, medicina, ciências básicas, arte, cultura e entretenimento.
‘A caverna tenta explorar todo o potencial cognitivo humano: visão, audição e tato, aproximando ainda mais o usuário do computador. Ao entrar nesse espaço, as pessoas são transportadas para uma realidade inteiramente virtual’ explica Marcelo Knörich Zuffo, idealizador do projeto pioneiro e coordenador executivo do núcleo de Realidade Virtual do Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI) da Escola Politécnica da USP.
Entre cinco paredes
Desenvolvida pelos cientistas e pesquisadores do LSI, a primeira Caverna Digital da América Latina possibilita viabilizar a criação de protótipos e maquetes virtuais e a realização de pesquisas científicas para o desenvolvimento de novas soluções nas mais diversas áreas do conhecimento.
A indústria automobilística poderá avaliar a ergometria do interior dos veículos, simular os crash tests sem destruir realmente o automóvel, ou oferecer aos clientes passeios virtuais.
“Ela pode ser utilizada para a análise de procedimentos cirúrgicos com alto grau de complexidade e microcirurgias de precisão para que os médicos possam simular e aprimorar os recursos para a solução de casos complicados, como no transplante de medula”, comenta.
De acordo com Zuffo, há no mundo todo 180 cavernas digitais, sendo que a maioria se utiliza apenas de três ou quatro lados para projeção de imagens. Apenas 10 delas são de cinco paredes, como a da USP, e somente duas estão capacitadas a projetar imagem nas seis paredes, incluindo o teto.
Projetos da caverna
Desde o começo do ano, os profissionais trabalham na conexão da internet 2, de uso exclusivo de acadêmicos e muito mais rápida que a convencional, realizando pesquisas de aplicações interativas envolvendo estudos de anatomia. Desenvolvem ainda projeto de sistema de videoconferência em 3D para facilitar a comunicação e retransmissão de dados.
No próximo dia 23, o LSI entregará à Petrobras um supercomputador capaz de desenvolver simulações em plataformas. Com ele, imersos em ambiente virtual que representa o fundo do mar, os geofísicos realizam seu trabalho com economia de tempo e dinheiro. Está também prevista a entrega de outro equipamento semelhante à empresa Itautec para uso em estações gráficas.
Estão em andamento dois grandes programas: o de animação com obras da pintora Tarsila do Amaral e o de análise do comportamento humano em relação à tecnologia. O primeiro, feito em parceira com o MAC/USP, deverá estar disponível para visitação a partir de junho deste ano. Quadros como O Abapuru poderão não só serem observados, mas sentidos e tocados.
O outro é um estudo comparativo entre a geração da tecnologia analógica e a atual, fruto da era da informação digital. Será realizado em parceira com a Escola de Comunicações e Artes e o foco serão as crianças em fase de formação para compreender o potencial cognitivo delas.
Os pesquisadores já observaram que as crianças e os jovens estão adaptados à realidade virtual. Navegam pela internet, usam viodeogames e possuem rapidez em processar imagens. Sentem impaciência frente ao marasmo de textos longos e sem movimento, e com a forma atual de ensino, professor e quadro negro. A meta do projeto é coletar dados e fazer observações para saber como o ser humano reage em relação às tecnologias.
SERVIÇO
A Caverna Digital está aberta para visitação. Agendamento de visitas ou mais detalhes sobre o projeto podem ser obtidos pelo telefone (11) 3091-5661.
Claudeci Martins
(Fonte: www.lsi.usp.br)
(AM)