USP: Ipen comemora 48 anos e inaugura primeiro irradiador gama produzido no Brasil

Aparelho é usado para esterilizar produtos médicos e farmacêuticos, entre outros

ter, 31/08/2004 - 12h15 | Do Portal do Governo

O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) completa nesta semana 48 anos da sua fundação. Como parte das comemorações, nesta segunda-feira (30), foi realizada a cerimônia de inauguração do Irradiador Multipropósito de Cobalto-60, produzido com tecnologia nacional. Dentre as autoridades presentes no evento, estavam o ministro de Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, e o reitor da USP, Adolpho José Melfi.

O Irradiador Multipropósito de Cobalto-60 tem diversas aplicações. Dentro de uma câmara completamente segura, coloca-se o produto já embalado e este é submetido a uma determinada carga de irradiação gama. Essa carga pode ter várias finalidades: esterilização de produtos médicos e farmacêuticos, de tecidos biológicos para implantes cirúrgicos e de alimentos; tratamento de efluentes industriais e de esgoto; indução de cor em vidro e pedras preciosas.

Esse processo de esterilização não deixa resíduos químicos. Outro fator importante para a eficácia maior do irradiador é que não existe manuseio do produto e a exposição aos raios gama é realizada com ele já embalado.

‘A irradiação gama mata qualquer organismo vivo, interrompendo o processo de crescimento’, disse Fábio Eduardo Costa, da equipe de engenheiros realizadores do projeto. ‘É um sistema extremamente eficaz, e o principal cuidado que se deve ter é com o tempo de exposição, mas para isso já existem normas definidas’, ressaltou.

A segurança também é garantida. Nesse processo, não há alteração da cor, textura ou sabor do alimento. O que a irradiação proporciona é o aumento do tempo de prateleira. Não há nenhum risco para os consumidores e esse tipo de esterilização já é usado em 37 países.

Essa tecnologia, apesar de já ser utilizada mundialmente há cerca de 25 anos, é pouco difundida no Brasil. Laércio Vinhas, da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), informou que ‘mesmo a irradiação sendo pouco utilizada no país para esterilizar alimentos, ela atinge todo o setor de produtos farmacêuticos e íntimos como camisinhas, cotonetes, gases, fraldas e seringas descartáveis’.

O projeto foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e custou R$1,7 milhões. Segundo Costa, esse foi um custo recorde. ‘Um irradiador desse tipo, importado, custa cerca de U$3 milhões’, disse.

Intercâmbio de profissionais

As comemorações tiveram início com uma solenidade que homenageou Roberto Fulfaro, que recebeu o título de Pesquisador Emérito do Instituto. Fulfaro foi diretor técnico-científico do Ipen e professor da pós-graduação. Adolpho José Melfi também fez um discurso durante a homenagem. A presença do reitor na sessão solene representa a forte ligação entre as duas instituições, tanto no intercâmbio de profissionais, como na pós-graduação oferecida pelo Ipen e vinculada à USP.

Durante seu discurso, o ministro Eduardo Campos discorreu sobre os novos projetos do Ministério para o setor de pesquisa nuclear no Brasil. Segundo ele, a idéia geral desse programa governamental é unificar o setor, definindo melhor a função de cada instituição existente e criando parcerias formais para facilitar a cooperação e a troca de conhecimento entre elas.

Yara Camargo, da Agência USP de Notícias