USP: Interior de São Paulo terá nova usina de biodiesel

Produção deverá atingir 400 mil litros diários, destinados para exportação

sex, 18/06/2004 - 20h28 | Do Portal do Governo

Uma nova usina de biodiesel, com capacidade para produzir 400 mil litros de combustível por dia, será inaugurada em julho no município de Charqueada, no interior de São Paulo. O Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologias Limpas (Ladetel) da Faculdade de Filosofia, Cências e Letras (FFCL) da USP de Ribeirão Preto supervisionou a instalação da usina, cujo custo de implantação é estimado em US$ 4,5 milhões.

O professor Miguel Dabdoub, coordenador do Ladetel, relata que a usina de Charqueada, cidade localizada a 15 quilômetros de Piracicaba, foi construída pela Petroquímica Capital S/A, numa área de 20 mil metros quadrados. ‘O Laboratório acompanhou a construção das instalações e tem assessorado a empresa na implantação do processo de produção do biodiesel’, explica. ‘A usina foi projetada para usar a maior variedade de matéria-prima possível.’

Segundo o professor, a usina aproveitará inicialmente os resíduos do refino de óleos vegetais das indústrias do interior do Estado. ‘No ano que vem, as instalações serão ajustadas para utilizar óleo de amendoim’, afirma. Dabdoub aponta que a planta é usada nas lavouras de cana-de-açúcar para fazer rotação de culturas e recuperar a fertilidade do solo. ‘A rotação ocupa 20% da área cultivada, gerando uma grande produção de amendoim, capaz de viabilizar seu uso na produção de biodiesel’.

Glicerina
O processo de produção e estocagem de biodiesel é totalmente automatizado, e deverá gerar cerca de 90 empregos diretos. O professor aponta que a usina também conta com instalações para o refino de glicerina. ‘O biodiesel é obtido por intermédio de uma reação química entre o álcool de cana e os óleos vegetais (transesterificação). Para cada dez litros de óleo é gerado um litro de glicerina, como subproduto’, diz Miguel Dabdoub. ‘Após a refinação, a substância pode ser usada nas indústrias de cosméticos, farmacêutica, de explosivos e tintas, entre outras.’

O professor relata que a produção inicial da usina será de 40 mil litros de biodiesel por dia, devendo chegar a 400 mil litros diários em 2005. A produção será exportada para a Alemanha, mas Dabdoub aponta que há perspectivas de atender também o mercado interno. ‘Até o final do ano, o governo federal deverá regulamentar a exigência da mistura de 2% de biodiesel ao diesel de petróleo’, observa. ‘O cumprimento dessa norma deverá aumentar significativamente a demanda pelo combustível no país.’

Miguel Dabdoub relata que a USP coordena um programa estadual de coleta de óleos residuais das cozinhas de lanchonetes e restaurantes para produção de biodiesel. ‘Apenas na rede Mc Donalds, há potencial para recolher entre 60 e 100 mil litros de óleo usado em frituras por mês’, afirma. A coleta também é feita nos hipermercados da rede Carrefour e nos refeitórios da USP e da UNESP. ‘Um convênio com o Carrefour permitirá a criação de um programa de educação sócioambiental para estender o recolhimento de óleo a escolas municipais e estaduais’, conta.

Mais informações: (16) 9994-7812, com Miguel Dabdoub

Júlio Bernardes – Agência USP