USP: Instituto de Física desenvolve material de gesso que substitui cimento

Intenção é aplicar, em alguns casos, o gesso no lugar do cimento na construção civil

qua, 22/12/2004 - 9h40 | Do Portal do Governo

Pesquisadores do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos, desenvolveram um novo processo capaz de produzir estruturas de gesso com elevada resistência mecânica. A intenção é substituir, em alguns casos, o uso do cimento na construção civil.

O estudo, financiado pelo Programa Habitare, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), visa a aprimorar o uso do gesso para aplicação na habitação de interesse social. Os resultados do projeto levaram os autores a encaminhar um pedido de patente – a FAPESP será proprietária do registro – ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).

Os pesquisadores conseguiram criar placas de gesso resistentes a partir de uma adição mínima de água para satisfazer a reação de hidratação. “Com isso, é possível obter peças mais densas e de alta resistência mecânica”, disse Milton Ferreira de Souza, coordenador científico do projeto, à Agência FAPESP.

Com pouca água, explica o professor da USP de São Carlos, o gesso passa a ter outro tipo de consistência. “O material não vira uma pasta e sim um pó umedecido que, ao ser comprimido, gera peças mais fortes até do que as de concreto”, explicou.

O novo material é também mais resistente do que o gesso utilizado regularmente na substituição das divisórias internas pela construção civil. Essas estruturas, conhecidas como dry wall, apresentam alta capacidade de absorção de água, e, por conta disso, desenvolvem baixa resistência à compressão e à flexão.

“Como até 70% de água é adicionada nos processos tradicionais, o gesso pode esfarelar em algumas aplicações”, diz Souza. “Neste caso, as placas de dry wall precisam ser reforçadas por uma camada de papel antes de serem usadas.”

O processo de produção do gesso, explica Souza, tem outros atrativos: não emite gás carbônico para a atmosfera e pode ser totalmente reciclado. “Depois dos automóveis, o cimento é o segundo maior poluidor da atmosfera. Além disso, o novo material pode gerar o fosfogesso, um subproduto proveniente do ácido fosfórico com aplicações na agricultura e na criação de animais como alimento”, explica.

Por Thiago Romero – Da Agência FAPESP

(LRK)