USP: Hospitais e ONG mapeiam acidentes de consumo em SP

Objetivo é chamar a atenção dos órgãos públicos para uma política de prevenção dos acidentes

seg, 07/07/2003 - 11h50 | Do Portal do Governo

Cair na rua devido ao calçamento malfeito ou sofrer uma intoxicação alimentar podem ser caracterizados como acidentes de consumo, ou seja: situações em que um defeito do produto ou do serviço prestado causa danos à pessoa. Para mapear essas informações, o Hospital das Clínicas (HC), o Hospital Universitário (HU) – ambos da USP – e o Hospital São Paulo iniciaram um estudo inédito, contabilizando os registros desses acidentes na cidade de São Paulo.

A pesquisa é coordenada pela Organização Não Governamental (ONG) Pró Teste Associação Brasileira de Defesa do Consumidor e pela Associação Médica Brasileira. ‘Não existem ainda estatísticas sobre o assunto até porque os registros dos acidentes de consumo são incompletos’, relata Paulo Pereira, médico e diretor executivo do Instituto da Criança do HC. ‘Muitas vezes está escrito no prontuário que a criança engasgou com um objeto estranho, sem definir o que era e de que material era feito.’

Segundo a advogada Maria Inês Dolci, da Pró Teste, o objetivo é chamar a atenção dos órgãos públicos para uma política de prevenção dos acidentes e fiscalização dos fabricantes e prestadores de serviços. ‘O problema é que muitas pessoas não sabem o que é um acidente de consumo. Além disso, não existe um canal para esse tipo de reclamação’, conta.

O estudo começou em 2 de junho e, em sua primeira semana, registrou cerca de 100 acidentes. As ocorrências mais registradas foram intoxicação alimentar em estabelecimentos e ferimentos causados por produtos. A coleta de dados prossegue até o dia 30 de setembro, para que o mapeamento possa ser traçado. Os casos serão classificados por faixa etária e tipo de produto ou serviço prestado.

Principais acidentes

Pereira afirma que as maiores vítimas dos acidentes de consumo são as crianças, ‘pois são mais vulneráveis, independentemente da faixa sócio-econômica’. De acordo com ele, o principal perigo vem dos brinquedos. Alguns contém peças pequenas, que a criança engole facilmente. Apito de brinquedos de borracha, mola do pregador de roupa e tampa traseira de canetas Bic são hoje os causadores mais comuns de acidentes.

A ingestão de produtos de limpeza é outro motivo de preocupação. ‘Recentemente começou-se a utilizar limpadores com cheiro agradável e aspecto de alimento, o que atrai as crianças.’ O médico também aconselha a não deixar produtos em garrafas de refrigerante, para evitar que eles sejam bebidos acidentalmente.

Entre adultos, ocorrências mais comuns, além da intoxicação alimentar, são de medicamento ingerido por engano, estouro de panela de pressão, queimadura com álcool, sapato de salto quebrado ou de sola inadequada, acidentes com ônibus e lotações, explosão de pneus e problemas em equipamento de segurança do carro.

Paulo Pereira atenta para o cuidado no momento da compra. Ele acredita que a cultura de cobrança do consumidor às empresas ou prestadoras de serviço pode evitar muitos acidentes. Somam-se ainda a ‘responsabilidade delas, aliada a uma fiscalização governamental’. ‘Por isso é tão importante esse mapeamento dos acidentes de consumo. Ele fornecerá informações para que possamos cobrar dos órgãos responsáveis medidas preventivas’, conclui.

Da Agência USP

M.J.