USP: Hora de exercícios não altera benefícios de atividade física em asmáticos

Estudo envolveu crianças portadoras de asma em escolas públicas de Ribeirão Preto,

sex, 11/03/2005 - 10h01 | Do Portal do Governo

O horário dos exercícios não altera os benefícios da atividade física em portadores de asma. A fisioterapeuta Cristiane Soncino Silva pesquisou crianças de escolas públicas de Ribeirão Preto, entre 8 e 11 anos, submetidas a um programa de exercícios em grupos separados por horários. O estudo mostrou que os asmáticos tiveram a mesma melhora na condição física, apesar das variações no ritmo respiratório ao longo do dia.

Cristiane conta que parte das crianças treinou às 9 da manhã e outro grupo às 14h30, duas vezes por semana. O programa incluía exercícios de solo para fortalecimento muscular, postura, respiração, corridas e caminhadas, além de iniciação à natação. ‘O treinamento durou quatro meses’, diz a fisioterapeuta. ‘O aumento da força nos músculos abdominais e a redução da freqüência cardíaca em repouso foram os mesmos em ambos os horários.’

Cristiane explica que os portadores de asma apresentam uma variação circadiana da função pulmonar, ou seja, que sofre alterações durante o dia. ‘Os piores valores dos volumes dos pulmões são observados por volta de 4 horas da manhã e os melhores às 16 horas’, relata. ‘Entretanto, durante a tarde o Broncoespasmo Induzido pelo Exercício, conhecido como BIE, é mais intenso, podendo levar a crises de falta de ar.’

Tratamento

A pesquisadora aponta que novos estudos serão realizados para identificar o efeito dos exercícios na função pulmonar dos asmáticos. ‘Com o tempo, os exercícios podem reduzir os sintomas da asma e a medicação, além de aumentar a auto-estima e a sociabilidade das crianças’, afirma.

Enquanto realizavam o programa de exercícios, as crianças asmáticas foram tratadas com medicamentos para prevenir a ocorrência de broncoespasmos, detectado em 76,8% dos alunos antes dos treinos. ‘Elas recebiam anti-inflamatório (corticoesteróide inalatório) e, se preciso, broncodilatadores’, diz Cristiane Soncino. ‘Os remédios eram doados, pois a maioria das crianças eram de famílias carentes, que também recebiam passes de ônibus para ir ao local dos exercícios.’

Os resultados da pesquisa estão na tese de doutorado apresentada pela fisioterapeuta na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP. As crianças foram selecionadas para o estudo a partir de 3300 questionários aplicados em 13 escolas públicas de Ribeirão Preto. ‘Foram identificados 606 possíveis asmáticos, dos quais 142 fizeram exames de função pulmonar’, lembra Cristiane. ‘Entre as crianças examinadas, 122 passaram por consultas médicas e 69 foram escolhidas para o estudo.’

Júlio Bernardes, Da Agência USP

M.J.