USP: Gel de fibrina possibilita cultivo de mais células reprodutoras da pele em menor tempo

Técnica pode signficar esperança para vítimas de queimaduras e de doenças que atingem grandes extensões de pele

qua, 17/08/2005 - 11h18 | Do Portal do Governo

A expectativa agora é que os testes sejam realizados em animais de laboratório até o final deste ano para, em seguida, iniciar experimentos em humanos

Um gel de fibrina desenvolvido na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) pode significar esperança de dias melhores para as vítimas de queimaduras e de doenças que atingem grandes extensões de pele.

O produto facilita a aplicação clínica da cultura de queratinócitos, células reprodutoras da epiderme. ‘O gel de fibrina mostrou-se um excelente transportador destas células, o que poderá possibilitar a recuperação de áreas maiores e em menor tempo’, conta a médica Daniela Yukie Sakai Tanikawa, residente da disciplina de Cirurgia Plástica do Hospital das Clínicas da FMUSP e pesquisadora responsável pelo projeto.

Nos métodos tradicionais de cultura de queratinócitos em laboratório, obtém-se pequenas placas de células com cerca de 30 centímetros quadrados (cm2) de área, produzidas em um tempo médio de quatro semanas. Nos experimentos realizados até o momento, o gel de fibrina reuniu células reprodutoras em placas de até 150 cm2. ‘Além disso, o processo durou em média apenas cinco dias. Para vítimas de queimaduras, o tempo é fundamental na recuperação’, diz Daniela. ‘Percebemos que será possível cobrirmos áreas maiores de perda de pele em menos tempo’, afirma.

A expectativa agora é que os testes sejam realizados em animais de laboratório até o final deste ano, para, em seguida, iniciar experimentos em humanos. ‘Pretendemos usar células humanas em ratos de experimentação. Até o momento, os custos dos experimentos foram todos bancados pela própria disciplina. ‘Esperamos conseguir recursos de entidades financiadoras para prosseguirmos com o projeto’, conta a médica.

Composição

O produto é composto por fibrinogênio e trombina, obtidos a partir de uma substância comercial usada em aplicações cirúrgicas. ‘Os componentes foram diluídos a um ponto ideal. A fibrina, por ser encontrada no próprio corpo humano, não provocará qualquer tipo de reação adversa’, garante Daniela.

A médica lembra que o setor de queimados do Hospital das Clínicas (HC) é de alta complexidade. ‘Nas UTIs, existem pacientes em estado grave e com grande perda de pele que aguardam tratamento. Nestes casos, os procedimentos têm de ser rápidos. Os índices de morte por queimaduras são maiores em casos de perda de pele em grandes áreas do corpo e que não podem ser reparadas em curto prazo de tempo’, diz Daniela.

O gel de fibrina contendo queratinócitos foi desenvolvido sob a supervisão da professora Marisa Herson, que também é responsável pelo do Banco de Tecidos do HC, e contou com o apoio do professor Marcus Castro Ferreira, responsável pela disciplina de Cirurgia Plástica do HC. O estudo recebeu em novembro do ano passado o prêmio Victor Spina, do 41º Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica, que aconteceu na cidade de Florianópolis em Santa Catarina.

Antonio Carlos Quinto, Da Agência USP

M.J.