USP: Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos produz telhas de fibras vegetais

Técnica é desenvolvida desde 2001 pela FZEA de Pirassununga, em parceria com a Poli

ter, 13/01/2004 - 16h22 | Do Portal do Governo

Telhas e caixas d’água produzidas com resíduos de fibras vegetais são os primeiros materiais disponíveis no mercado brasileiro que utilizam a tecnologia do fibrocimento. A técnica é desenvolvida desde 2001 no Departamento de Zootecnia da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) de Pirassununga, em parceria com o Departamento de Construção Civil da Escola Politécnica (Poli), ambos da USP.

Os estudos estão sendo coordenados pelo professor da FZEA, Holmer Savastano Júnior. Pretende-se oferecer soluções alternativas aos materiais de construção produzidos com amianto, considerado agente cancerígeno.

Outra meta é que os preços das telhas e caixas d’água com fibras tornem-se mais em conta. Atualmente, os novos produtos são em média 20% mais caros que os similares existentes. Mas a idéia é chegar, futuramente, ao barateamento dos preços para o consumidor final.

São usadas fibras vegetais de madeiras, como pinho e eucalipto, e de não-madeiras, como sisal, bananeira e coco, empregadas no reforço dos materiais cimentícios. “As fibras são ideais para isso, principalmente nas chamadas primeiras idades, em que os derivados estão mais sujeitos a quebras”, explica Holmer. Para ele, o fato de vivermos em um país tropical resulta em abundância da matéria-prima. Outros tipos de biomassa também estão sendo estudados para substituição do cimento convencional, como a escória de alto-forno, cinzas de casca de arroz e de bagaço de cana-de-açúcar.

Outras utilizações

O bom desempenho do fibrocimento superou um problema verificado nos primeiros testes. Com o passar do tempo, observou-se que as fibras vegetais passam a sofrer ataque da própria matriz de cimento (meio alcalino) na presença de água. O material vai perdendo a capacidade de reforço gradativamente. Para combater o problema, foram combinadas fibras vegetais e fibras plásticas, com resultado positivo. Holmer explica que o reforço das fibras representou significativa melhoria do desempenho mecânico e da durabilidade desses materiais. “As telhas suportam melhor cargas dinâmicas, como chuva de granizo, por exemplo”, explica o pesquisador.

Duas empresas, a Imbralit, de Criciúma (SC), e a Permatex/ Infibra, de Leme (SP), se interessaram pelo projeto e firmaram parceria com a FZEA e a Poli. Desde então desenvolvem e adaptam tecnologia européia de produção de telhas onduladas sem amianto. “A tarefa é complexa porque não basta mudar alguns equipamentos, mas sim toda a infra-estrutura da fábrica”, diz.

Ainda segundo Holmer, o trabalho com as firmas também exige respostas em curto prazo: “A empresa se preocupa em expandir o material para outros produtos, com aceitação no mercado”. O professor crê que isso seja questão de tempo, já que o fibrocimento tem se mostrado um produto extremamente versátil em diversas aplicações. “Com o tempo, a intenção é utilizar as formulações sem amianto em outros tipos de componentes construtivos, como divisórias, painéis, forros e pisos.”

Francisco Ângelo – Da Agência USP
Da Agência Imprensa Oficial

(AM)