USP: Faculdade de Saúde Pública pesquisa metais pesados nos rios do Estado

Influência de metais nos ambientes hídricos e em suas espécies em alguns pontos de rios e reservatórios é crítica

seg, 26/04/2004 - 9h27 | Do Portal do Governo

A influência de metais pesados nos ambientes hídricos e em suas espécies (peixes, plantas, algas, microcrustáceos, entre outros) em alguns pontos de rios e reservatórios do Estado é crítica, mesmo quando encontradas em níveis considerados aceitáveis à saúde humana.

Enquanto os órgãos ambientais, que analisam constantemente a qualidade dessas águas, estabelecem níveis de controle para a saúde da população, um estudo da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, com apoio da Fundação para o Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), avaliou a influência de sete metais (cádmio, chumbo, cobre, cromo VI, níquel, mercúrio e zinco) nos organismos aquáticos em ambientes hídricos.

“Nossa preocupação foi verificar quanto as espécies são diretamente prejudicadas em seu ambiente natural”, explica a pesquisadora Thaís Pinheiro Muniz, autora do estudo Avaliação de risco ecológico em ambientes hídricos no Estado de São Paulo. Entre os pontos mais graves, com relação à presença de toxicidade, Thaís destaca dois na Represa Billings e um no Reservatório das Graças, em Cotia. “Na Billings, um dos pontos apresentou 14 efeitos crônicos.”

De acordo com a pesquisadora, os dados obtidos complementam satisfatoriamente as informações da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb). O estudo, segundo ela, apresenta resultados mais precisos, principalmente quanto aos metais, em relação às análises dos órgãos ambientais. “Apenas recentemente a Cetesb incorporou em seu monitoramento um índice da proteção da vida aquática (IVA) para avaliar a qualidade das águas, visando à preservação dos ecossistemas”, diz.

Riscos tóxicos

Utilizando o programa de computador Werf, Thaís integrou dados de análises químicas e ecotoxicológicas fornecidos pela companhia, referentes a um período de cinco anos (1997-2001). “O software nos permitiu gerar gráficos de probabilidade de ocorrências de riscos tóxicos com relação aos ambientes analisados”, conta, lembrando que o programa foi utilizado pela primeira vez no Brasil numa avaliação desse tipo.

Os estudos foram feitos a partir de análises com a ceriodaphnia dubia, organismo aquático mais conhecido como pulga d´água. “Regularmente, a Cetesb faz seu trabalho de análise usando esse organismo que, exposto a amostras d’água, indica a presença ou não de toxicidade”, explica.

A pesquisadora levantou as concentrações dos metais em alguns pontos do Rio Paraíba do Sul, dos reservatórios Billings e Guarapiranga, do Rio Tietê, na cidade de Tietê e em Ibitinga, entre outros. “O programa gerou informações sobre a probabilidade de ocorrência de risco aos organismos aquáticos, que foi efetivamente constatado em cerca de 87% dos pontos estudados”, informa a pesquisadora. “Dos 30 pontos, 26 apresentaram efeitos tóxicos para a pulga d´água, durante o período avaliado.”

Pontos críticos

Thaís explica que nas análises ecotoxicológicas feitas pela empresa, por exemplo, quando ocorre a morte da pulga d´água, não são indicadas as causas, porque na Rede de Monitoramento da Qualidade das Águas são privilegiados índices de valor para abastecimento público e não para aquele organismo.

Ela relata, ainda, que o software, disponível no Brasil há cerca de dez anos, mas nunca utilizado nesse tipo de experimento, pode ser útil no controle de emissão de efluentes por indústrias. “Para tanto, basta que sejam inseridas informações acerca dos elementos a serem analisados. Esse programa seria, então, uma importante ferramenta na análise dos efluentes industriais, antes ou depois do tratamento ou descarte”, garante.

Da Agência Imprensa Oficial

(AM)