USP: Faculdade de Saúde Pública analisa reciclagem de pneus

Estudo tem o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

seg, 19/05/2003 - 11h26 | Do Portal do Governo

Os pneus velhos, cujo acúmulo estão se transformando num sério problema ecológico, têm pelo menos quatro aproveitamentos viáveis. É o que demonstra a engenheira Carla Mayumi P. de Morais, em dissertação de mestrado apresentada na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP. Com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), desenvolveu o estudo Reciclagem de pneus: viabilidade da aplicação de alternativas para utilização em grande escala.

A pesquisadora defende, que deve haver uma mudança de mentalidade da população a respeito da reutilização dos pneus. ‘Falta uma visão crítica para este problema, que cresce a cada dia. Poderia ser criado, por exemplo, o dia da coleta, quando todos os pneus abandonados seriam entregues a algum órgão governamental, para receber um destino apropriado.’

Entre os diversos processos de reaproveitamento analisados na pesquisa, Carla constatou que são viáveis a reforma (recauchutagem), a utilização como combustível em fornos de cimento, como componente em asfalto, ou o aproveitamento por meio do processo chamado Petrobras-six.

Para a engenheira, hoje o uso do pneu velho como combustível é a melhor alternativa pela economia que representa e pelas facilidades do processo.

Reforma

A reforma de pneus tem passado por uma constante evolução nos últimos anos. Atualmente, sua qualidade é boa e sua utilização é um caminho para o reaproveitamento. A reforma é indicada principalmente para os veículos de carga, “pois em muitas transportadoras há acompanhamento freqüente do desgaste dos pneus, verificando sua qualidade”. No entanto, esse sistema não é perfeito. Chega-se um momento em que a reforma não pode mais ser feita. Ela deve ser repetida no máximo três vezes.

Óleo e gás natural

O processo denominado Petrobras-six consiste na mistura de pedaços de pneu com xisto betuminoso, mineral utilizado para obtenção de óleo e gás natural. Nesse método, o volume de xisto, contendo 5% de pedaços de pneu, é aquecido a altas temperaturas para a retirada do óleo e do gás. ‘A tecnologia já é empregada no Estado do Paraná. Tem como principal virtude não intervir na qualidade do material produzido, além de não requerer mudanças no processo’, aponta a engenheira.

Combustível

Em indústrias cimenteiras, a necessidade de combustível é constante.
No processo de fabricação do cimento, são utilizados fornos com temperaturas que chegam até a 1.300º C. ‘Colocando pneus como parte do combustível nesses fornos, algumas indústrias obtiveram economia de até 20%, pois são materiais de baixo custo e de fácil obtenção’ explica Carla.

Composição do asfalto

Outra forma de reaproveitamento, analisada por Carla, é a utilização do material na composição do asfalto. ‘Já existem algumas rodovias feitas com asfalto de pneu. Essa utilização ainda é restrita, principalmente por representar um custo adicional.’

Da Agência Imprensa Oficial e Agência USP

(AM)