As vítimas de queimaduras que apresentam hipocromia cutânea, ou seja, não conseguem repor a pigmentação normal da pele nas áreas afetadas, têm agora tratamento inédito desenvolvido pelo Laboratório de Cirurgia Plástica e Microcirurgia Experimental, da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Por meio de um enxerto de epitélio de queratinócitos (célula que forma a epiderme), cultivado em laboratório, é possível devolver a cor natural da pele nas cicatrizes resultantes de queimaduras.
Dois pacientes do Ambulatório de Queimados do Hospital das Clínicas (HC) submetidos ao tratamento, nos últimos sete meses, apresentaram resultados positivos. A pesquisa foi realizada pela equipe do professor-doutor Marcus Castro Ferreira, titular da disciplina de Cirurgia Plástica da FMUSP e diretor da Divisão de Cirurgia Plástica e Queimaduras do HC.
Por razões ainda desconhecidas, alguns pacientes, após a cicatrização, apresentaram nos locais da lesão ausência de melanócitos (células responsáveis pela formação da melanina, substância que dá cor à pele). O transplante de epitélio de queratinócitos passou a ser indicado nesses casos, após ser comprovado clinicamente, que pode funcionar como ‘transportador’ de melanócitos. Testes de laboratório revelam que durante o cultivo de epitélio de queratinócito ocorre crescimento simultâneo de melanócitos.
Transplante clínico
O transplante de epitélio cultivado como ‘transportador’ de melanócitos vinha sendo utilizado em alguns centros internacionais, até então, exclusivamente para o tratamento de vitiligo, doença que causa despigmentação da pele. A indicação para cicatrizes de queimaduras com perda de cor é inédita. De acordo com a médica Marisa Roma Herson, pesquisadora responsável pelo trabalho do Laboratório de Cirurgia Plástica da FMUSP, esse é o primeiro transplante clínico de epitélios cultivados para o tratamento de seqüelas de queimaduras no País.
O procedimento realizado nos dois pacientes do HC foi aprovado pela Comissão de Ética e Pesquisa da FMUSP. Para evitar rejeições, os queratinócitos são obtidos da própria pele da pessoa por meio de biópsia. A amostra é levada ao laboratório, onde é processada. As células se multiplicam e formam epitélios, que são enxertados nas áreas de cicatrizes.
Da Agência de Comunicação da FMUSP
Da Agência Imprensa Oficial
(AM)