USP: Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto é premiada no Congresso da Sociedade Brasileira de Reti

Estudo utiliza a droga indocianina verde nas cirurgias com laser no olho

ter, 15/07/2003 - 10h16 | Do Portal do Governo

Da Agência USP

Para baratear o tratamento e reduzir riscos de lesões em microcirurgias com laser no olho, pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP trabalham com a utilização de uma nova droga fotossensível para o processo. A pesquisa foi premiada no 28º Congresso da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo.

As microcirurgias com laser são fundamentais no tratamento da degeneração macular, patologia que atinge quatro a cada dez pessoas acima de 60 anos e que é a principal causadora de cegueira nesta faixa etária. O professor Rodrigo Jorge, do corpo de pesquisadores, aponta que o risco de lesões nesse tipo de cirurgia é grande, chegando a ser de 100% se o processo é feito sem a utilização de drogas fotossensíveis.

‘Hoje a droga autorizada oficialmente para uso nestas microcirurgias é o Visudyne, do laboratório americano Novartis. O custo de cada ampola é de R$ 4 mil e para o tratamento da degeneração macular, por exemplo, é usada uma ampola a cada aplicação. Em dois anos de tratamento podem ser necessárias até cinco aplicações, podendo chegar a um total de 20 mil reais o custo só da medicação’, explica Jorge. Os procedimentos, devido ao alto custo, não são bancados pelo SUS.

Inovação

As pesquisas da FMRP abordaram a viabilidade de se utilizar outra droga no processo. A indocianina verde, utilizada comumente na cardiologia, foi o alvo dos estudos, iniciados pelo médico José Augusto Cardillo, colaborador do Hospital das Clínicas (HC) da FMRP.

Rodrigo Jorge e uma equipe multidisciplinar focaram a pesquisa na concentração química da indocianina. Os estudos conseguiram fazer com que a droga tivesse sua eficiência dobrada; assim, a potência do laser usado na cirurgia pôde ser reduzida pela metade, o que colaborou para a redução do risco de lesões na operação.

Uma vez aplicada nas regiões com crescimento de vasos na região da mácula, a indocianina verde quando atingida pelo laser induz a produção de radicais livres e assim contribui para a trombose das veias. Desta forma, com menos potência e comprimento de onda diferente, o laser pode atravessar a retina sem machucá-la e atingir o local de concentração da droga. O achado é quase matemático – duplicada a ação da droga no local, a metade da potência de laser já produz o efeito esperado. O experimento teve êxito nos testes com coelhos.

A utilização da indocianina pode reduzir em até 50% o custo em medicamentos do tratamento. Hoje a técnica com laser e indocianina já está sendo aplicada experimentalmente em humanos na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). No caso do HC da FMRP, a Comissão de Ética está avaliando a possibilidade de teste em humanos da nova técnica.

Da Assessoria de Imprensa da FMRP
v.C.